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A (quase) ícone do pop

01.08.08

por Pablo Moreno

Duffy - Rockferry

(Warner, 2008)

Top 3: “Warwick Avenueâ€, “Mercyâ€, “Delayed Devotionâ€

Princípio Ativo:
Pop sem escândalos

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A indústria pop aguardou por muito tempo a chegada do Kurt Cobain ou do Ian Curtis dos anos 00. Até que um dia o mundo foi surpreendido pela chegada de uma moça magrela, de cabelo estranho, maquiagem estilosa, voz marcante (de gralha) e muita polêmica: Mrs. Amy Winehouse. O ícone da década (até o presente momento) estava ali, embalado, pronto para ser distribuído. Amy alimentava tudo que um ícone da cultura pop deve alimentar: paradas musicais, shows lotados, escândalos com drogas, desencantos amorosos e uma fila de quase ícones se aproveitando do seu formato.

E foi assim que Aimee Duffy (ela prefere ser chamada apenas de Duffy para evitar [sic] comparações) apareceu. A bela cantora de apenas 24 anos é a primeira da fila e só conseguiu projeção com seu pop sessentista e sua voz (de gralha, porém com um pouco mais de amplitude) graças ao caminho aberto pela cantora do parágrafo acima.

Seu primeiro álbum, Rockferry, tem alcançado boa repercussão nas paradas mundiais. Por não se envolver em escândalos com drogas e agressões, Duffy tem trânsito livre em todos os países do mundo, o que faz com que seu som ganhe destaque bem longe dos cadernos de fofocas e celebridades.

A faixa-título do álbum é a primeira e tem um arranjo apoteótico e dramático, no qual Duffy solta a voz e mostra que pode mais do que sua colega (vamos tentar não citá-la mais no texto, afinal o espaço aqui é da Duffy). A bela “Warwick Avenueâ€, apesar do videoclipe cafoninha, é ótima para curtir uma boa dor de cotovelo. A letra rancorosa e a interpretação sofrida lembram até a boa fase de Alanis Morissette, quando ainda era jovem e inspirada em sua música.

Rockferry é um bom álbum pop, tanto que suas dez faixas passam rapidamente. O som é gostoso de ouvir, as canções são tristes, mas não soam cansativas, mérito também do produtor do álbum, Bernard Butler, ex-guitarrista do Suede. Destaques para as baladas “Seriousâ€, “Hanging on too long†e “Delayed Devotionâ€. Ao invés de falar sobre clínicas de reabilitação, Duffy prefere falar sobre frustrações amorosas, mas com uma visão um pouco mais otimista, de quem espera sobreviver à desilusão de um grande amor.

O ponto mais alto de Rockferry é o primeiro single, “Mercyâ€. A batida animadinha, com baixo marcante e uma letra que trata das paixões que nos deixam de joelhos, mostra que o talento de Duffy promete e que ela quer marcar seu espaço no mundo pop. Ela é uma boa moça, uma sonhadora, como ela diz na faixa que encerra o disco, a também apoteótica “Distant Dreamerâ€. Duffy quer a fama, mas quer ser reconhecida pela sua música. Porém, todos nós sabemos que só boa música não garante o trono no mundo pop.

Amy diz “no, no, no†e Duffy diz “yeah, yeah, yeahâ€.

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