Drama sem lágrimas

05.08.08

por Taís Oliveira

Romulus, meu pai (Romulus, My Father, Austrália, 2007) Direção: Richard Roxburgh. Elenco: Eric Bana, Franka Potente, Kodi Smit-McPhee, Marton Csokas Princípio Ativo: suicídios

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A Austrália é cenário de vários filmes, mas não é sempre que se tem em cartaz filmes da Austrália, o que faz de “Romulus, meu pai� uma oportunidade de conhecer o cinema canguru. Baseado nas memórias do filósofo Raimond Gaita, o filme conta a história do pequeno Rai e seu relacionamento com o pai Romulus e a mãe Christina, que migram para a Austrália após a 2ª Guerra Mundial.

Apesar do título, o foco está no pequeno Rai e em sua mãe, depressiva e infiel. As visitas alegres e inesperadas dela, em contraste com seu relacionamento “estável� com o amigo do marido, mais a sensibilidade do garoto e a prestatividade impressionante de Hora, amigo de Romulus, levam a acreditar que o filme é um (belo)drama. Mas suicídios (bem-sucedidos ou não) e doenças mentais atacando quase todos os personagens, somados a um excesso de minutos, fazem de “Romulus, meu pai� um grande (melo)drama.

A fotografia, explorando as paisagens da Austrália, é belíssima e a caracterização da época muito boa - a casa de Raimond e Romulus é uma atração à parte. Mas o destaque do longa são as atuações. Eric Bana, como o personagem-título, e Marton Csokas, como o amigo Hora estão ótimos. Franka Potente, contudo, vai além, mesmo não brilhando tanto no final do filme. Nas suas primeiras cenas, é impossível tirar os olhos dela: não admirar sua beleza incomum, não sentir vida transbordando.

Christina é uma mulher de vanguarda, que resiste a uma vida que não planejou, ao mesmo tempo em que não pode escapar dela. Romulus, ao contrário, não perde as esperanças de ter a vida que sonha (que não exige muito), não podendo se dar ao luxo de fugir da realidade. Ele é pai, mãe, base moral e financeira da família, mas até mesmo as rochas podem ser abaladas.

Kodi Smit-McPhee, por sua vez, merece um parágrafo só para ele. O garoto interpreta Raimond com sensibilidade e sem uma maturidade forçada. Ele parece ser realmente o garoto que, ao acordar, corre até o penhasco para ver se algum familiar não resolveu pular. Rai concilia ainda a necessidade “extra-infância� de cuidar dos pais com o fato de ser apenas uma criança que quer brincar - e que não consegue mudar a situação. Já estava na hora de um substituto para Haley Joel Osment.

Belas imagens, bons personagens e ótimas atuações deveriam resultar num bom filme, mas por algum motivo “Romulus, meu pai� fica no meio do caminho. É um filme de que você se lembra, mas não faz muita questão de contar para os amigos. A dedicação de sete anos ao filme não foi suficiente para que o ator Richard Roxburgh (Van Helsing, Moulin Rouge) se consagrasse de vez como diretor.

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A vida é dura, a estrada é longa. Mas a Austrália é bonita.

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