Quase rainhas
26.08.08
por Daniel Oliveira
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A outra
(The other Boleyn girl, EUA/Reino Unido, 2008)
Dir.: Justin Chadwick
Elenco: Natalie Portman, Scarlett Johansson, Eric Bana, Kristin Scott-Thomas, Jim Sturgess, Mark Rylance, David Morrissey, Eddie Redmayne
Princípio Ativo: NatPo & ScarJo
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“A outra†é o tÃpico filme que não consegue se decidir e, consequentemente, fica no meio do caminho entre a luz do dia lá em cima e o fundo do buraco que também não foi atingido.
Natalie Portman ou Scarlett Johansson?
É a maior indecisão de todas e, provavelmente, a que vai arrastar mais gente para os cinemas. Apesar de Johansson ser Maria, a “outra garota Bolena†do tÃtulo original, a protagonista é mesmo Portman, como Ana. Retratada como uma mulher ambiciosa, o filme mostra sua escalada rumo ao trono inglês e ao parto da mulher que inventou a Inglaterra moderna.
Pausa para breve recapitulação histórica: Ana Bolena seduziu o rei Henry Tudor e o convenceu a se desvincular da Igreja Católica para anular seu primeiro casamento, concretizando o protestantismo inglês.
No filme, Maria é a garota romântica e de bom coração que se apaixona pelo rei e é derrubada pela irmã, impetuosa e sem limites para sua ambição. Como seu pai diz, “Maria é bonita, mas é preciso mais que beleza e bom coração para se dar bem neste mundoâ€. Com isso, as melhores cenas vão para Portman. E, diga-se a verdade, ela aproveita melhor suas falas que Johansson, que parece à espera de Woody Allen lhe dizer o que fazer com sua personagem passiva e um tanto insossa.
Romance ou Novela?
O filme é baseado no livro de Philippa Gregory, que propõe jogar luz na garota Bolena esquecida pelos livros de História e em como seu relacionamento com a irmã Ana influenciou os atos da futura rainha. Como romancista, e não historiadora, ela ficcionaliza muitas passagens (segundo os historiadores Maria, assim como sua irmã, não era flor que se cheire e não há provas de que tenha tido um filho com Henry Tudor)
O problema é que o diretor Justin Chadwick, advindo da TV, transforma isso em um novelão sem o mÃnimo de inspiração visual. A iluminação é chapada, os enquadramentos burocráticos e há uma demarcação muito maniqueÃsta de bons X maus - Maria X Ana, a mãe sábia (Scott-Thomas, a melhor coisa do filme) X o pai mercenário etc. O resultado dessa soma parece uma minissérie global, em que Eric Bana é desperdiçado, como um Henry manipulável e monoexpressivo, e os eventos parecem cair como bombas na trama, ao invés de fluir num percurso histórico.
Intimista ou épico?
Completando o desarranjo, a trilha de Paul Cantelon dá uma dramaticidade épica às cenas que deveriam ser intimistas e a proposta de Philippa Gregory é perdida. As lágrimas de Portman são abusadas pela direção, a beleza de Johansson é esvaziada – e, na indecisão entre uma garota Bolena ou outra, mantém-se no trono a rainha Cate Blanchett.
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Good girls gone bad: Não foi nossa culpa.
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