10 pÃlulas, 33 minutos, um copo d’água
03.09.08
por Braulio Lorentz
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Beck - Modern Guilt
(Universal, 2008)
Top 3: "Gamma Ray", "Walls" e "Chemtrails".
Princípio Ativo: neopsicodelia
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Lançado nos Estados Unidos em oito de julho, dia em que Beck completou 38 anos, Modern guilt é o oitavo disco da carreira do cantor e multiinstrumentista americano e o último previsto no contrato assinado com a Interscope Records/ Universal. Com 10 faixas novas (e arrastadas), o músico retorna depois de dois anos sem lançamentos.
Co-produzido por Brian "Danger Mouse" Burton, do Gnarls Barkley, o álbum é como um irmão caçula de Sea change (2002), o mais melancólico disco já lançado pelo dono de hits como “Loserâ€, de Mellow gold, de 1994, com o qual surgiu para o grande público. A parceria com Burton gera pouco mais de 33 minutos de sons que pouco remetem à mistura de hip hop com funk modernoso de outras safras. Modern Guilt é um disco para se ouvir com fones de ouvido: o efeito é bem mais intenso do que se ecoado por caixas de som. A exceção é a agitada “Gamma rayâ€. Ela funciona bem em boates cariocas quando um DJ careca ruim de serviço resolve tocar músicas dançantes, em vez de botar o som que ele ouve no quarto.
Diferente do também introspectivo Sea change, maior sucesso comercial de Beck – que fez com que debutasse no top ten americano de discos mais vendidos, na oitava posição – no novo trabalho as canções não possuem força se separadas umas das outras. O pacote só funciona se ouvido sem intervalos, como uma grande dose de neopsicodelia que faz efeito se ingerida numa só tacada.
Após emendar quatro bons trabalhos com o produtor Nigel Goldrich, que ajudou a inventar obras de Radiohead, Travis, REM, Air e Natalie Imbruglia, agora é Danger Mouse quem escolhe batidas (tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais umas à s outras) e faz o polimento de rocks de clima etéreo como "Chemtrails" e a faixa-tÃtulo, em que Beck e Mouse chegam a empilhar alguns tijolos de uma parede sonora. Nessas e em outras músicas, o grupo americano de rock alternativo Flaming Lips e os figurões do pop barroco inglês The Zombies são emulados.
As tÃmidas contribuições da cantora folk americana Cat Power, em “Orphansâ€, que abre o disco, e “Walls†comprovam a intenção de se fazer um álbum de sons calmos e timbres macios. Mesmo escudado por um especialista em samples e barulhos ideais para passinhos de dança, a proposta é a de se fazer um som de fim de festa. Mas é uma festa de gala com um DJ que entende das coisas.
Beck não está sozinho
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