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Idiocracy

27.11.08

por Daniel Oliveira

Queime depois de ler

(Burn after reading, EUA/UK/França, 2008)

Dir.: Joel e Ethan Coen
Elenco: Frances McDormand, George Clooney, Brad Pitt, Tilda Swinton, John Malkovich, Richard Jenkins, JK Simmons

Princípio Ativo:
falta de sentido e idiotice

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Osbourne Cox (Malkovich) é um ex-agente da CIA casado com Katie (Swinton), que tem um caso com Harry (Clooney), que também tem um caso com Linda (McDormand), amiga de Chad (Pitt) que encontra um CD, na academia onde trabalha, com dados confidenciais do computador de Osbourne, gravados por Katie. Linda e Chad não fazem idéia do que trata o conteúdo do CD (um macguffin hitchcockiano), mas acham que podem fazer dinheiro com ele. Osbourne também não faz, mas fica puto – e xinga. A CIA faz ainda menos idéia, mas resolve ‘espiar’ todo mundo. Por segurança. Ou, simplesmente, por pura falta do que fazer.

“Reporte pra mim mais tarde, quando tudo isso fizer sentido!â€

Mas o objetivo não é fazer sentido. É exatamente o contrário. Um monte de gente já disse que “Queime depois de ler†é a volta dos irmãos Coen à comédia nonsense / de equívocos, após o sisudo “Onde os fracos não têm vezâ€. Eu não vou repetir isso. Apesar de já ter repetido. O que é bastante idiota – e esse também é o objetivo. Ser idiota.

“Queime depois de ler†reúne um monte de personagens obtusos, que fingem ou se acham mais espertos do que realmente são. Suas armações são pífias, seus objetivos, patéticos – e só funcionam por puro acaso ou quando os outros personagens são ainda mais incompetentes e idiotas para perceber alguma coisa. Um ótimo exemplo é quando Linda e Chad resolvem levar o CD à embaixada russa.

“Russos?â€

E acredite: isso tudo é muito engraçado.

“Russos?â€

Joel e Ethan Coen fazem uma salada insana com os melhores elementos das comédias de Lubitsch e Wilder dos anos 30/40. O mais claro são as gags recorrentes, como os russos acima e a obsessão de Harry por pisos. Subvertem as expectativas do público trazidas de seus trabalhos anteriores – se “Onde os fracos...†não tinha música, “Queime...†tem uma orquestração mais que exagerada, típica de thrillers de espionagem, cortesia de Carter Burwell, parceiro usual dos irmãos.

E, por fim, brincam com os estereótipos de seus atores: Clooney tira sarro da fama de pegador - e da paranóia de seu Michael Clayton, com a ajuda da trilha citada acima. McDormand encara a crise de aparência dos 40 anos com sua Linda. Swinton, JK Simmons e Malkovich caricaturizam sua pecha de atores sérios e personagens mal-humorados. E Brad Pitt dá um show cômico com o estereótipo do ‘bonitinho tapado’.

“E o que aprendemos com isso tudo?â€

Depois de carregarem o espectador num suspense de travar o pescoço, com uma bagunça sangrenta e quase insolúvel, os Coen soltam essa pergunta ao final. Enquanto riem mais que todo mundo com a genialidade de sua piada: queime depois de ler.

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Are you...Osbourne Cox?

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