Câmera que sente
05.12.08
por Renné França
|
Fronteira
(Brasil, 2008)
Dir.: Rafael Conde
Elenco: Alexandre Cioletti, Berta Zemel, Débora Gomez, Antônio Naddeo, Grace Passo, João das Neves, Paulo André, Yara de Novaes
Princípio Ativo: a fotografia de LuÃs Abramo
|
|
receite essa matéria para um amigo
“Fronteira†é um filme bonito. Mas isso não quer dizer que seja fácil. O novo longa de Rafael Conde é uma adaptação do livro de Cornélio Penna e conta com a fotografia não menos que maravilhosa de LuÃs Abramo para ajudar no difÃcil processo de contemplação exigido pela obra. Não espere uma narrativa convencional e muito menos uma história com sentido claro: “Fronteira†deve ser assistido como uma produção subjetiva, em que a câmera passeia pelos personagens assim como passeia pelos cômodos da casa e pelas texturas de paisagens naturais.
O filme começa com um plano bem aberto das montanhas mineiras para, aos poucos, ir fechando, primeiro nas ruas, depois na casa e enfim no sufocante quarto da jovem Maria Santa (tida pela região como milagreira). A jornada que o espectador é levado a fazer é a desse caminho cada vez mais incomodo e desconfortável.
É um longa de silêncios entrecortados por uma trilha por vezes exagerada, incômoda. Os poucos diálogos passam longe do naturalismo que se costuma encontrar no cinema, sendo praticamente recitados de forma literária pelos atores que minimamente costuram um fiapo de enredo envolvendo Maria Santa, sua tia Emiliana e um jovem viajante. Não se trata de uma trama, mas de um fluxo de sensações que a câmera de Conde, sempre suave e em movimento, parece tentar flagrar. Não há uma ação ou acontecimento especÃfico a retratar, mas um olhar de assombro e curiosidade nesse angustiante ambiente de misticismo, morte e amor.
O resultado de todo esse exercÃcio de estilo é uma obra confusa. Ao mesmo tempo em que busca a quebra de uma narrativa pré-estabelecida, faz uso dos tradicionais planos e contra-planos nas cenas de diálogo e da trilha sonora para aumentar dramaticidade em determinadas cenas. Nesses momentos, a suavidade se perde e o tom onÃrico e subjetivo parece um pouco pretensioso demais. O tÃtulo é apropriado: é necessário cruzar algumas fronteiras para conseguir chegar até o seu final.
Mais pÃlulas:
- 5 frações de uma quase história
- Feliz natal
- Batismo de sangue
- Navegue por todas as crÃticas do PÃlula
Débora Gomez, a Linda Blair das Alterosas.
» leia/escreva comentários (3)
|