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Rindo com culpa

31.12.08

por Taís Oliveira

Se eu fosse você 2

(Brasil, 2008)

Elenco: Tony Ramos, Glória Pires, Cássio Gabus Mendes, Chico Anísio, Maria Luísa Mendonça

Princípio Ativo:
Tony Ramos

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"Não! De novo não!" De nada adiantou Tony Ramos e Glória Pires gritarem. O argumento mais manjado do cinema se repete, para que marido (Cláudio) e mulher (Helena, porque o pessoal da Globo ainda não comprou aquele livro com 3.750 idéias de nomes de menina), trocando de corpos, possam compreender a vida do outro, literalmente. Mas quem se importa com clichês quando se tem Tony Ramos de peruca e camisola?

Desta vez, a separação do casal é a desculpa para fazer propaganda da Sky. Ah, e também o motivo para que eles se desentendam a ponto de trocarem de corpos novamente, enfrentando novos problemas. E como o Rio de Janeiro da Globo tem apenas dois quarteirões, fica fácil ver seu marido supostamente agarrando outra mulher na porta de um restaurante, o que coloca mais lenha na fogueira. É o típico entretenimento Globo Filmes: não gasta os neurônios e rende risadas. Mas neste caso, as (muitas) risadas realmente valem a pena.

Tony Ramos está impagável no papel de Helena (!). As cenas protagonizadas pelo ator são as mais engraçadas, fazendo a gente perdoar a piada de peido numa cena dividida com o amigo de Cláudio, interpretado por Cássio Gabus Mendes. Tony Ramos é o filme, do início ao fim. A fantástica Maria Luísa Mendonça é desperdiçada como Denise, mãe de Olavinho, enquanto Chico Anísio, o pai do menino, não dá a entender a que veio até chegar no final, quando solta a melhor piada do filme, dando saudade dos tempos de escolinha.

Inevitavelmente, existem alguns problemas. O casamento de Bia (filha do casal protagonista) e Olavinho é quase tão inverossímil quanto a troca de corpos. As duas "crianças" mal são consultadas quando a decisão é tomada pela fé capitalista católica. Enquanto isso, o problema principal de (uma das) gravidez(es) é mais fisiológico do que "psicológico", como se o fato de uma nova criança nascer fosse secundário. "Se eu fosse você 2" poderia ter minutos a menos – o que seria um alívio para Cláudio e Helena, que desta vez passam muito mais do que quatro dias com os corpos trocados, e também para o andamento da história, com o final (previsível) demasiadamente prolongado.

Este é o filme ideal para ver com a família ou para gastar duas horas das suas férias - e nem precisa ter visto o primeiro para compreender a história. A diversão é garantida (pelo Tony Ramos). Diversão maior que a do primeiro filme, já que explicações e didatismos são dispensados para dar lugar à comédia, além do ganho com interpretações e personagens secundários melhores. Ah, alguém avisa para o Daniel Filho que danças coletivas em filmes só são legais quando se trata de "Thriller"?

Mais pílulas:
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