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Onde os heróis não têm vez

05.03.09

por Daniel Oliveira

Watchmen - o filme

(EUA, 2009)

Dir.: Zack Snyder
Elenco: Billy Crudup, Jackie Earle Haley, Patrick Wilson, Jeffrey Dean Morgan, Malin Akerman, Matthew Goode, Carla Gugino, Stephen McHattie

Princípio Ativo:
a HQ

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“Watchmenâ€, a HQ, é uma das obras mais fodásticas do universo. Ela tem tantas coisas geniais que o mínimo esperado de sua adaptação cinematográfica pelo leitor é algo tão bom quanto. A ironia? É exatamente por tentar abarcar todas as ‘coisas geniais’ que “Watchmen - o filmeâ€, não é tão redondo como o trabalho de Alan Moore.

O longa do diretor Zack Snyder busca reproduzir cada detalhe da distopia em que os EUA, auxiliados pelo onipotente Dr. Manhattan (Crudup), venceram a guerra do Vietnã. Nixon ainda é presidente em 1985 e, com seu Superman particular, bane os demais heróis mascarados, que passam a ser misteriosamente assassinados.

A devoção ao visual de Dave Gibbons com certeza vai provocar orgasmos coletivos nos nerds. Procure por calças manchadas na saída do cinema após enquadramentos como a estátua no cemitério ao som de “The sound of silenceâ€, ou o surgimento do relógio de Manhattan em Marte. A seqüência de créditos ao som de “The times are a-changing†também deve deixar alguns queixos caídos no chão.

Mas é essa mesma reverência que faz de “Watchmen†mais um testamento à genialidade de Moore e menos um filme realmente bom. Ao querer contar cada flashback, cena e arco dos personagens, Snyder acabou criando um monstro cansativo de mais de duas horas e meia. A sensação é a de assistir à temporada inteira de uma série no cinema.

Ironicamente, a única história que ficou de fora, a do garoto e o jornaleiro na banca, faz falta. O filme foca demais nos heróis, sem um elemento humano externo que coloque o público alheio à HQ ali dentro. E sequências como a briga de Roschach na prisão, por exemplo, podiam ter ficado de fora, por mais que a atuação de Jackie Earle Haley seja intocável.

Além dele, Jeffrey Dean Morgan e Patrick Wilson são os destaques no elenco, como o Comediante e o Coruja, respectivamente. O primeiro tem as melhores falas do longa e o segundo apresenta um timing cômico inesperado. Já a péssima Malin Akerman faz de Spectral uma boneca manhosa e Matthew Goode é um desastre que quase destrói o filme, com um Ozymandias de sotaque indescritível.

Por fim, Zack Snyder é um técnico visual competente, mas sem nenhuma sutileza. Ele apela para a violência gráfica das (boas) sequências de ação para levantar a questão de “quem vigia os vigilantes?†A mesma que Chris Nolan já havia elaborado no ano passado com um ótimo roteiro e cenas envolventes. E que “Os incríveis†tratou de forma mais divertida e humana. E que “Heroesâ€...bem, que “Heroes†tentou estragar.

Como está, “Watchmen†é uma respeitosa constatação de como a HQ é fodástica. E isso eu já sabia.

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Ozymandias/Denny/Nixon.

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