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Karen is a dance-rocker

13.03.09

por Rodrigo Ortega

Yeah Yeah Yeahs - It´s Blitz!

(2009)

Top 3: "Zero", "Hysteric", "Dull Life".

Princípio Ativo:
Nova York

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Quando "Zero", novo single do trio nova-iorquino Yeah Yeah Yeahs, apareceu na internet, passei por três reações: 1) susto, 2) empolgação, 3) dúvida. Com detalhes, foi assim:

1) A síndrome de Killers é contagiosa, fudeu. Que merda é essa, resolveram brincar de sintetizador e bateria eletrônica? Será que demitiram aquele guitarrista foda?

2) Peraí, mas é legal esse teclado imitando guitarra - ou guitarra imitando teclado? E a Karen O fala que é um "mad man on the run", geme, grita, canta bem pracaralho e a música é muito boa.

3) Será que os Yeah Yeah Yeahs seguiram a onda do Franz Ferdinand e tiraram 2009 pra fazer seu "disco dance"?

A resposta veio em poucos dias, quando It´s Blitz!, o CD completo, terceiro da banda, surgiu inteiro para download. A dúvida se confirmou: ele é realmente o "disco dance" dos Yeah Yeah Yeahs. Mas a questão de "dance" ou "rock" ficou menos importante do que a seguinte impressão: o álbum tem pelo menos outras cinco músicas tão boas quanto "Zero". E, mesmo mantendo a regra geral de menos guitarras e mais sintetizadores, as sonoridades e dinâmicas são bem variadas.

Ainda mais Karen O=Madonna que o primeiro single é "Heads will roll". Se eu falar do som totalmente anos 80 e a letra sobre cabeças rolando sobre a pista de dança, vai parecer estilo forçado. Mas o talento da Karen e do guitarrista Nick Zinner dão sentido à mudança. Karen não só canta bem como interpreta, cria oscilações que deixam a gente vidrado nela, mesmo sem a performance ao vivo. A atuação de Nick é o segundo fator que coloca esse disco acima da média, pelo desprendimento e ousadia.

Imagine: você é um guitarrista e o mundo inteiro te elogia e a banda genial do momento, o TV On the Radio, quer tocar com você, e a Scarlett Johansson quer gravar com você. Aí você chega no estúdio e a sua banda e o produtor, Dave Sitek (do TV On the Radio), dizem pra NÃO tocar guitarra. Dá pra ter uma noção do quanto ele foi legal por aceitar tocar os outros instrumentos mesmo sem saber direito, reinventando o som da banda em vez de repetir fórmulas.

O pop agradável de "Soft Shock", a simplicidade bonita de "Little Shadow", a raiva de "Dull Life" e o sentimentalismo não-sentimentalódie de "Hysteric" completam a lista que rende dois Top 3 bem melhores que a grande maioria dos que já apareceram por aqui. Pra não babar ovo demais dos Yeah Yeah Yeahs, pensei em dizer que "Dragon Queen" parece sobra de estúdio do CSS.

Mas tive certeza que esse é um trabalho inspirado com as recém-vazadas faixas bônus de It´s Blitz!, quatro regravações acústicas e duas inéditas. Ouvir em versão voz e violão músicas que você curte é como ver nua uma pessoa que você curte. Será que é tudo isso? Sim, ufa, mesmo sem os gritos e a barulhada as músicas são boas. "Faces" e "Clap Song", as duas faixas-bônus inéditas que também seriam singles fodas, são o golpe de misericórdia.

Ps/dica: Planeta Terra chamando.


KO e sua jaqueta

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