Altos, baixos e uma calcinha branca
20.03.09
por Renné França
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Alma perdida
(The unborn, EUA, 2009)
Dir: David S. Goyer
Elenco: Odette Yustman, Gary Oldman, Meagan Good, Cam Gigandet, Idris Elba, Jane Alexander, Carla Gugino
Princípio Ativo: a calcinha branca
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Crianças sinistras, espelhos perigosos, trilha assustadora. O inÃcio de “Alma Perdida†até parece a série “Todo Mundo em Pânicoâ€, dada a quantidade de clichês que despeja a cada minuto, quase como uma paródia da chamada nova onda do terror. Depois melhora. Antes de piorar de novo.
E olha que a produção tem pedigree: o roteirista e diretor David S. Goyer escreveu o melhor filme da vida do Batman e o produtor Michael Bay sabe comandar um espetáculo pirotécnico. A história de assombração e mistério até prega alguns bons sustos quando não comete o equÃvoco de apostar no horror explÃcito e deixa em segundo plano o clima de tensão que, se bem aproveitado, poderia até fazer desse samba do gêmeo doido uma obra divertida. O problema são os altos e baixos.
Baixo
A primeira meia hora poderia ser resumida com uma frase: a jovem Casey (Yustman, de “Cloverfieldâ€) começa a sofrer terrÃveis pesadelos e ter visões com uma criança de olhos estranhos, enquanto anda de calcinha pela casa de um lado para o outro. E é só isso mesmo.
Alto
A premissa evolui para uma história sem pé nem cabeça que envolve insetos, Holocausto, gêmeos e o folclore judaico. Mas é com a entrada em cena do rabino interpretado por Gary Oldman que o filme ganha um viés religioso interessante, investindo em um clima mais psicológico e apoiando-se na lenda de almas vagantes que tentam se apossar do corpo das pessoas. Tudo culmina em um exorcismo de arrepiar, que aparece como o clÃmax perfeito para concentrar a (mÃnima) força dramática do roteiro.
Baixo
Mas ao invés de parar por aÃ, Goyer ignora onde está o interesse de sua história e opta por um ato final que descamba para a correria tÃpica de Jasons e afins. Entre personagens que surgem do nada e desaparecem sem muita explicação, o desfecho reserva - para aqueles que ignorarem os furos do roteiro - uma surpresa até bacaninha. Isso, claro, se você ainda não tiver desistido do filme.
Em uma produção cheia de efeitos especiais e recheada por imagens com pretensão de se tornarem antológicas, não deixa de ser irônico que aquilo que fica na memória é o mais simples de tudo: Odette Yustman com sua cara de paisagem desfilando de calcinha branca pelo banheiro...
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