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A lista de Herzog

28.05.09

por Daniel Oliveira

Os falsários

(Die fälscher, Ãustria/Alemanha, 2007)

Dir.: Stefan Ruzowitzky
Elenco: Karl Markovics, August Diehl, Devid Striesow, Martin Brambach, August Zimer, Veit Stübner, Sebastian Urzendowsky

Princípio Ativo:
princípios X sobrevivência

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No Oscar do ano passado, quando os favoritos “4 meses, 3 semanas e 2 dias†e “Persépolis†caíram fora da disputa a melhor filme estrangeiro, o óbvio aconteceu: ganhou o longa sobre judeus no holocausto. Não que “Os falsários†seja ruim, mas as iscas jogadas para o público que gosta desse tipo de purgação mezzo masoquista mezzo sentimentalóide não são nada sutis e pouco acrescentam ao gênero.

O filme conta a história real de um grupo de judeus usado pelos nazistas para falsificar dinheiro. Em troca de seus talentos, eles ganhavam “regalias†como uma cama decente, alimentação e uma mesa de ping-pong - enquanto no mesmo campo de concentração, outros judeus eram torturados e exterminados.

Baseado no livro de Adolf Burger, que aparece na história como um colotipista que sabota as tentativas de falsificação do dólar, o roteiro é protagonizado, na verdade, por Sally Sorowitsch (Markovics, ótimo e sósia do Jackie Earle Haley). Falsificador e golpista antes de ir para o campo, Sally não hesita em trabalhar para seus algozes, ciente de que ali dentro não pode salvar o mundo – somente a si mesmo.

O melhor de “Os falsários†é o embate entre o pragmatismo de Sally e os princípios de Adolf (Diehl), que acredita que eles podem contribuir para a derrota dos nazistas ao atrasarem seu trabalho. Mesmo que isso coloque a vida deles em risco. Nenhum dos dois está exatamente errado – ou certo. E é a capacidade de fazer o público enxergar a impossibilidade de um julgamento daquela situação, em que valores humanos e morais estão tão fragilizados, que destaca o longa do diretor Stefan Ruzowitzky (do terror “Anatomiaâ€) das demais obras sobre o holocausto.

Fora isso, porém, o filme é uma soma de clichês que, mesmo verdadeiros em face do horror enfrentado naqueles campos, não deixam de ser gratuitos. A cena em que Sally ‘visita’ a casa do Coronel Herzog é de uma falta de sutileza totalmente fora de lugar num longa assim. Herzog é uma tentativa de mostrar que nem todo nazista era um carrasco estereotipado, mas quando o mesmo filme contém cenas de oficiais da SS mijando e/ou estourando miolos de judeus, o mérito disso é esvaziado.

A trilha irritante e quase onipresente quer gritar o tempo todo o caráter melodramático do longa e, na maioria das vezes, é simplesmente desnecessária. Já a fotografia faz uso de zoom’s à la “24 horas†e eu, sinceramente, não entendi por que.

No fim das contas, a sensação é de que “o maior esquema de falsificação da História†poderia ter sido contado, com mais honestidade e menos afetação, num programa do History Channel. Mas aí quem ganharia o Oscar, né?

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Sally X Adolf: o filme é um embate entre os dois, sacou?

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