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Ele não toca Raul e tem medo de Geraldo Vandré

por Braulio Lorentz

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Zeca vol. 1 e vol. 2

Em entrevista por telefone ao Pílula Pop, o cantor maranhense rotula as duas homenagens a cantores que faz em seu sexto disco solo de estúdio, o recém-lançado O coração do homem-bomba – Volume 1: "Toca Raul" ("uma homenagem meio safadinha") e "Geraldo Vandré" ("música com uma pitada de veneno").

Baleiro também diz que alguns garantiram que sua estratégia de lançar dois discos em tão pouco tempo - o Vol. 2 sai em novembro - tem tudo para ser um fiasco. Enquanto o fracasso não vem, aproveitamos o bom-humor do compositor amante das balas e dos doces.

Pílula Pop: Geraldo Vandré ouviu a música que você fez com o Chico César? O que foi que ele disse? Quando escreve canções com um quê de homenagem, você já faz esperando respostas, como foi naquela do Kid Vinil (de 1997)?

Zeca Baleiro: Tenho medo do que ele vai achar, é um cara imprevisível. É como uma esfinge. Ninguém sabe como ele é. E você sabe: a música tem uma pitada de veneno.

Pílula Pop: Você acha que tá faltando um David Byrne na vida do Geraldo Vandré?

Zeca Baleiro: (Risos) É até engraçado você comentar isso... Escrevi uma música chamada "Coco Brazuca", que acabou ficando de fora do disco Pet Shop Mundo Cão. Ficou como uma sobra de estúdio, vários samples de música brasileira. Ela é sobre um personagem que passou por todos os momentos musicais brasileiros. Ele é como um Forrest Gump, foi da tropicália ao rap. E no fim ele lamenta que faltou um David Byrne na vida dele...

Pílula Pop: Você ouviu "Eu não toco Raul", da banda goiana Pedra Letícia?

Zeca Baleiro: Muitos me contaram sobre essa música, alguns até falaram que a minha era um plágio... (Risos) O que não faz sentido. Acho que a letra é até meio preconceituosa. É uma visão clichê. Minha música é bem diferente: é uma homenagem meio safadinha ao mito e ao personagem. A Kika Seixas, viúva do Raul, aprovou a letra... E agora o público grita mais ainda "Toca Raul" nos meus shows, por causa da música. Criei um monstro!

Pílula Pop: O que acha do disco já estar disponível para download em vários blogs de MP3?

Zeca Baleiro: É um processo irreversível, não há muito o que fazer. Compradores de discos sempre irão existir. Sempre haverá o fetiche do objeto, principalmente pros com mais de 30 anos. Tenho que jogar nas duas frentes. Coloquei "Toca Raul" para download gratuito no fim do ano, e a estréia do lançamento do Vol. 2 será com músicas para downloads no site.

Pílula Pop: Como surgiu a proposta de lançar agora o Vol. 1 do trabalho e já em novembro o vol. 2? A segunda parte já está finalizada? Depois sairá uma versão em CD duplo?

Zeca Baleiro: Optei pela edição em dois volumes. Acho disco duplo um pouco indigesto. Assim dá tempo de ouvir, digerir, parece mais interesante. Tem uma coisa meio marqueteira: dá um expectativa. Alguns questionam, dizem que vai ser um fiasco. Não me lembro de terem feito isso no Brasil. Estou fazendo para experimentar mesmo.


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Pílula Pop: Há forte presença de metais no disco (sax, trombone, trompete). Isso se repete na segunda parte?

Zeca Baleiro: No show a gente enxugou um pouquinho, e é um trio de metais. No disco, há um quinteto. Os arranjos pediam uma coisa mais quente de metal. Todas as músicas de metal estão no primeiro. O segundo é muito mais suave.

Pílula Pop: Por que resolveu gravar sua composição "Vai de Madureira", após sete anos da versão cantada pelas Frenéticas?

Zeca Baleiro: É uma música da qual gosto. O disco delas passou desapercebido, mas ficou a música. Tinha colocado como vinheta no show do Pet Shop com um trecho de "Vai de Madureira". Resolvi experimentar em samba funk em vez do forró da original. Ela merecia uma segunda chance. Não sei se será uma música de trabalho... Isso está cada vez mais indefinido. Em vez de "Toca Raul", as rádios de MPB estão tocando "Você é má". Cada rádio escolhe uma. Melhor assim. É mais saudável pro disco.

Pílula Pop: No Vol. 2 você divide músicas com Wado, Kléber Albuquerque e Totonho...

Zeca Baleiro: Com o Totonho (do Totonho e os cabra) tenho outras músicas e já era amigo. São três caras interessantíssimos. No segundo volume vou dar uma arejada, com gente "geracionalmente" mais nova do que eu.

Pílula Pop: Por que começa a turnê com shows pelo Norte do país?

Zeca Baleiro: Foi por acaso. Mas aprovei, porque nunca fiz estréias para os lados de lá. Gosto sempre de variar as cidades. Calhou de ser agora o lançamento na região. Vai ser como uma pré-estréia. No Rio, no Circo Voador (12 e 13/09/08), estará mais azeitado.

Pílula Pop: Você define o arranjo de "Bola Dividida", de Luiz Ayrão, como um "pop bósnio". Você ouve pop da região? E por que gravou "Alma não tem cor", do Karnak?

Zeca Baleiro: Uso o rótulo porque gostei do som e ela remete ao Leste Europeu, mas só ouvi System of a Down. "Alma não tem cor" eu toco há dois anos em shows. Escolhi porque todo disco tem um patinho feio.

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