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Macunaímicos e autossustentáveis

por Rodrigo Ortega

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Há quatro anos os Dead Lover´s Twisted Heart ajudam a deixar o novo pop brasileiro um pouco mais bêbado com seus shows folk-punk-dançante-odair-josé, ou "pop macunaímico", como definiu o guitarrista Guto Borges. Eles já fizeram "amigos, parcerias, simpatias, quase amores por todo esse país", em inferninhos e festivais independentes. Agora colocam os amores no seu primeiro disco completo, DLTH. O lançamento oficial já está marcado para o dia 11/6, sexta-feira, no Lapa Multishow, em BH. Até lá, eles estão publicando uma música por dia e revelando um trabalho que surpreende até quem quem já havia se embriagado com eles.


Ivan, Guto, Pati e Velvs (foto: André Baumecker)

A entrevista foi feita para a matéria "Forno de Minas", que saiu no Ragga Drops, e também adiantou os novos discos do Transmissor, Digitaria, Monno e Pequena Morte, todos com previsão de sair neste segundo semestre.

Confira a conversa com Guto na íntegra:

Pílula Pop: Como foram as gravações?

Guto - Dead Lover's Twisted Heart: A produção desse disco, como eu disse, contando do dia do início das guias até hoje, durou uns dois anos e meio. Foi um processo super na base das amizades, parcerias e correrias. Foi gravado quase todo em casa com baixíssimos custos, mas com muito cuidado com o áudio, com os arranjos, composições e etc. No final das contas foi muito positivo. Aprendemos muito sobre os reais processos relativos a criação e produção de um álbum independente. Incluo aí desde uma questão técnica de investigação sonora e definições conceituais do som até sobre a viabilidade financeira de uma produção que no nosso caso, até agora, conseguiu se pagar. Dizendo mais claramente, temos até agora um disco “autossustentável†por assim dizer, que se pagou com os poucos (e parcos) cachês da banda. É um disco com essa marca.

Pílula Pop: E as participações?

Guto - Dead Lover's Twisted Heart: A produção musical é assinada pelo Thiakov, que produziu nosso EP também, e a co-produção artística é assinada por mim. Tem a partipação, além da Sara Assis, que toca acordeon em duas músicas, do Rafa Ludicanti (Junkie Dogs), do Yuri Vellasco (Graveola e o Lixo Polifônico), da Juliana Perdigão e do italiano Cláudio Cadei.

Dead Lover by DLTH

Pílula Pop: Porque deixaram "No more dramas" de fora?

Guto - Dead Lover's Twisted Heart: Ela foi lançada no EP anterior, que teve um prensagem reduzida em CD e em formato compacto (em Vinil). Ela teve uma carreira super legal e é uma das minhas preferidas para se tocar ao vivo até hoje. Mas cada um dos discos, eu imagino, fecham um momento muito específico da banda. Misteriosamente é possível ver unidades independentes, conceitos por trás destes dois trabalhos. Nem passou por nossa cabeça regravar material do disco anterior. Era outra época. Certamente o próximo disco a banda terá uma nova postura, um novo conceito. A banda muda muito.

Pílula Pop: Como foi participar do programa Experimente no Multishow? Têm outros convites ou plano pra divulgação do disco?

Guto - Dead Lover's Twisted Heart: Nós rodamos muito pelo Brasil o ano passado. Tocamos de Belém (PA) a Santa Maria (RS). Fizemos amigos, parcerias, simpatias, quase amores por todo esse país. Nosso nome também circulou muito. Imagino que a produção do programa Experimente tenha chegado até o nosso nome por conta desse trabalho de circulação que fazemos. Eles entraram em contato conosco, gravamos rapidinho numa tarde de domingo por lá. O Edgar foi um cara super interessado, simpático demais, deu notícia das músicas da banda. Muito legal. Quanto ao lançamento do disco, temos parceiros por todo pais, certamente todos nos ajudarão muito nesse processo de lançamento

Pílula Pop: Acha que 2010 pode ser um ano de virada em BH, por esses lançamentos de bandas já elogiadas, que podem chegar a um grande público local e de fora do Estado?

Guto - Dead Lover's Twisted Heart: Pois é, esse ano é uma ano de muita expectativa. Nossa turma de bandas já está ficando velha! Estamos lançando álbuns cheios, com uma produça legal.... Quem diria. Ninguém sabe muito bem o que vai rolar de fato, afinal as coisas andam muito imprevisíveis, no entanto eu tenho certeza da qualidade estética de todos esses trabalhos. Além disso todos ele tem um comum um empatia muito grande com um certo público local. O que é muito importante e uma coisa que deve ser muito valorizada aqui nessa cidade.

Pílula Pop: E a mobilização recente na Praça da Estação, você acha que deu mais ânimo pra cena de BH?

Guto - Dead Lover's Twisted Heart: Acho que sim. O movimento da Praia da Estação me pareceu, muito alem da participação das bandas, um dos movimentos mais interessantes dessa cidade em anos. Seu real valor foi reunir pessoas em torno da luta pela validade dos bens públicos dessa cidade, em disputa clara com as tipicamente vorazes iniciativas privadas daqui. Nesse caso, a própria cultura como um todo (seus meios, seus espaços) - e aí eu incluo principalmente a musica produzida de maneira independente aqui - é um vetor fundamental desse quadro. A cultura do país vem passando por uma revisão completa, um sem número de soluções originais, democráticas, inovadoras e independetes vem despontando por todo o país. Quem roda por aí vê isso claramente. Mas por aqui, infelizmente a atual prefeitura anda no caminho oposto, retrocedendo um processo de democratização dos bens culturais e dos meios produtivos de maneira cruel. Pratica-se hoje um verdadeiro desastre cultural dessa cidade. Eu vejo que ter feito parte da Praia significou, em um nível absolutamente lúdico, festivo, pacífico e descontraído ter-se vivido de maneira concreta essa demanda por democratização cultural que vivemos hoje no país.

All things (you gotta do) by DLTH

Pílula Pop: Sobre "Line 5102", quem fez a letra? O quanto de ironia e o quanto de sinceridade existe nos Dead Lover´s?

Guto - Dead Lover's Twisted Heart: Opa, que pergunta profunda... Ironia e sinceridade. Bom, eu vejo o Dead Lover´s hoje como uma banda que faz um pop meio macunaímico (risos), meio “sem caráterâ€, por assim dizer (risos), afinal temos várias “carasâ€. Fazemos um pop muito plural, que absorve de tudo sem muitas barreias, uma banda que “gosta de gostar das coisasâ€. Não operamos inclusive a divisão entre sinceridade e a ironia, afinal elas andam muito juntas. A graça é essa, o meio do caminho. Sobre a letra de “Line 5102â€, por exemplo. Algumas pessoas aqui de Belo Horizonte sabem que 5102 não passa do número da linha ônibus que se pega para ir do Bairro Santo Antônio para a Pampulha. Pode-se pensar que cantar sobre ela disfarçando-a de algo como uma “Highway 61†do Dylan é uma piada? Pode. Mas pode se pensar também que talvez não haja nada de mal em fazer uma música sobre algo tão banal como as nossas próprias vidas e que talvez a música folk seja uma bela roupagem para se fazer isso. Sinceramente falando. É isso.

LIne 5102 by DLTH

Pílula Pop: E o lançamento oficial do disco?

Guto - Dead Lover's Twisted Heart: O lançamento está previsto par ao mês de Junho e estamos planejando um show um pouco mais produzido para comemorar o fim desses dois anos e meio de produção. Estamos tentando arrumar um lugar legal que comporte um show um pouquinho maior que o nosso habitual (BH é um lugar bem complicado para essas coisas), e o mais legal, a Sara Assis, nossa grande amiga, vai fazer alguns arranjos para cordas e sopros que serão executados exclusivamente no dia, meio Dead Lovers Orchestra. Ta ficando super bonito.



Ps: Dois dias depois, chegou o recado: O lançamento foi confirmado para o dia 11 de Junho no Lapa Multishow, o Fusille vai tocar conosco + os DJs do movimento do Vinil aqui de BH, Dêivid, Fael, Luiz PF e JJBZ. Ok?


Os amigos do Graveola buscaram os vinis na Europa e ainda fizeram o convite

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