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Dom Quixote sem cavalo

por Daniel Oliveira
(Fotos: Fernando Guerra)

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Será que o Diogo Vilela, algum dia, vai fazer algo bem dramático, fugindo do estigma de comediante? Essa pergunta, ele fez que fez rodeio e não respondeu. Mas pra quê, afinal? Com o nome consagrado na televisão e no cinema, o ator encara de frente o primeiro protagonista no cinema e se mostra bem seguro na leitura que faz d’o coronel criado por João Cândido de Carvalho. Ao contrário do personagem, cuja coragem e segurança são, no mínimo, questionáveis, seu intérprete se mostrou enfático e bem resolvido quanto à comédia e à sua carreira.


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Pílula Pop: Como foi a criação do personagem do coronel? Foi um trabalho seu com o diretor, ou com o Guel? Ou você buscou inspiração no cinema, literatura, música?

Diogo Vilela: Eu sou meio xiita no quesito respeito à origem nos trabalhos que me chamam. Então, eu primeiramente li o livro e entendi o que era aquele brasileiro - acho o personagem extremamente brasileiro. Tentei não calcar em nenhum sotaque – nem mineiro, nem carioca, porque não achava que devia ser assim. Nem sotaque nordestino, no qual eu estou especialista por trabalhar muito com o Guel (risos). O coronel é meio quixotesco. Entendi que tipo de loucura era aquela que eu teria que fazer. E depois, eu tive um roteiro muito bem adaptado do livro, então eu fiquei seguro, o que para um ator é muito importante.

Pílula Pop: Os diálogos do filme chamam muito a atenção porque são textos longos e palavras diferentes, inclusive inventadas. Eles foram a parte mais difícil do trabalho?

Diogo Vilela: Não, com certeza foi montar a cavalo (risos). Tenho pavor e não monto muito bem. Tive que aprender durante três meses. No início, o cavalo foi um problema para mim, mas deu certo. A linguagem, na verdade, foi um trunfo. Poderia ter sido realmente algo difícil para os atores, mas acabou sendo um prêmio - virou um estilo poético mais profundo. A gente teve um respaldo muito grande da boa adaptação do roteiro. O diálogo não tem um estilo nem uma impostação naturalista e isso é algo que eu tinha claro com o Maurício.

Pílula Pop: Depois de ver o filme pronto, qual é a sua cena preferida?

Diogo Vilela: Eu não sei me julgar e como eu estou no filme quase todo fica difícil. Se eu tivesse só uma participação...é complicado. Eu acho que a rinha de galo ficou bem engraçada. É, a rinha de galo.

Pílula Pop: Como foi a experiência de protagonizar um longa, já que o “Auto da Compadecida†contava com um grande número de personagens e grandes nomes no elenco e você era um coadjuvante?

Diogo Vilela: Fiquei muito orgulhoso de fazer esse trabalho com uma equipe que é muito minha amiga. Eu já conhecia o Maurício e já estou bastante acostumado a trabalhar com o Guel, então foi ótimo. Eu também tenho o “estilo Guel†de atuação. Apesar de toda uma combinação que eu tinha com o Maurício, eu sabia que o ritmo do Guel estava em mim e tinha que ser algo intrínseco. A gente nunca vai deixar de ser um grupo com essa sintonia.Dessa vez, eu peguei mais pesado que no “Autoâ€, que era só uma participação. Apesar de que eu também filmei bastante no “Autoâ€, mas o personagem é diferente. Eu gosto de fazer coisas diferentes.


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Pílula Pop: Você já tem experiência de muitos anos com comédia, com grande reconhecimento do público e da crítica. Já pensou em ir para trás das câmeras e dirigir cinema ou TV?

Diogo Vilela: Já dirigi dois espetáculos teatrais, um musical sobre a vida da Elis Regina e outro com a Glória Menezes [Jornada de um poema], pelo qual eu inclusive ganhei um prêmio, foi minha primeira direção. Mas cinema, acho que não. Dirigir, só teatro.

Pílula Pop: E quais são os seus próximos projetos para TV, teatro e cinema?

Diogo Vilela: Eu vou gravar pilotos na TV Globo. Me convidaram para dois programas, que devem ir ao ar no final do ano. E devo fazer a vida de Cauby Peixoto no teatro, que deve estrear no ano que vem. No cinema, nada por enquanto. Talvez apareça alguma coisa...

Pílula Pop: “O bem amadoâ€, com o Maurício e o Guel novamente?...(Guel havia convidado, minutos antes, todos presentes na mesa da coletiva para o filme, que é seu próximo projeto)

Diogo Vilela: (risos) É, talvez “O bem amadoâ€, quem sabe.

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