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Os números de um Dead Fish só

por Braulio Lorentz
(texto e fotos de shows)

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Rodrigo está no centro

O Dead Fish acaba de lançar o sexto CD, Um Homem Só. Optamos por utilizar variações do nome do disco para pontuar a conversa que tivemos por telefone com o vocalista da banda, Rodrigo.

Uma banda só, dois públicos

A banda capixaba de certa forma tem dois públicos: os que pensam que este é apenas o segundo disco do Dead Fish e os que acompanham há muito tempo e sabem que se trata do sexto CD. Rodrigo concorda com a divisão e não encontra dificuldades para definir o primeiro grupo de fãs: “Geralmente é uma molecadinha mais novaâ€. A definição da outra parte do público é ainda mais sucinta. Segundo o vocalista, é um pessoal mais “conservadorâ€. O adjetivo resume as atitudes e reclamações da molecadinha mais velha a respeito dos clipes, aparições na MTV, shows em grandes festivais etc. Aquele papo manjado do “minha banda preferida se vendeu, porque era independente e agora não é mais†(palavras minhas, não do Rodrigo).

Um disco só, 50 dias

“Amadurecimento é uma palavra que eu não gosto de usarâ€, confessei. “Essa palavra é péssima mesmoâ€, ele concordou. Só que não teve como: “Notei um amadurecimento do som de vocês neste disco. Você concorda?â€. “O som tá mais pesado, né? A afinação abaixou. A gente conseguiu pensar o CD por cinco meses e gravamos por 50 diasâ€, explica Rodrigo. O maior tempo de produção e composição fez com que o som ficasse mais cheio e encorpado. Quem não gosta de hardcore tende a gostar mais de Um Homem Só do que dos álbuns anteriores. Rodrigo conta que os “dois meninos guitarristas†Hóspede e Philippe evoluíram bastante e não por acaso assinaram a co-produção do trabalho produzido por Rafael Ramos.


Rodrigo está de novo no centro

Uma mídia de massa só, 15 anos

A falação sobre o Emo está em todos os lugares: da matéria no Fantástico ao especial no Domingo Legal. É uma tarefa complicada apontar que o Dead Fish é Emo, pela falta de franjas na testa e firulas no visual dos integrantes da banda e por eles não falarem tanto de amor nas letras. “É um rótulo fácil da mídia de massa. Na verdade rola uma certa má vontade. Já ouvi muita besteira...â€, fala atropeladamente, e continua a conversa, embora medindo um pouco as palavras, “Falam que nossas letras são muito inocentes e até que somos responsáveis por essa onda Emoâ€. Depois, a régua voa longe e as palavras continuam a sair da boca de Rodrigo sem qualquer medição: “A mídia de massa paulista fala demais de coisas novas de gente branca européia. Nós não somos brancos, a gente fala de outras coisas nas letras. Na real, foda-se. Estamos aí há 15 anos, independente de rótulosâ€.

Um conceito só, cinco produtos

O projeto gráfico do CD é assinado pelo pessoal da Brokolis do Brasil, de Belo Horizonte. “É daí néâ€, resume Rodrigo. Ele se empolga ao contar que “tudo está muito ligadinho: camiseta, site, boné, CD, clipeâ€. E de repente desempolga ao falar sobre os clipes anteriores: “Geralmente a gente não gosta dos nossos clipes. Eu já escrevi roteiro, mas não deu certo. Não teve nada a verâ€.


Em ação no Pop Rock Brasil

Uma preferência só, dois tipos de festivais

Existem duas escolhas para Rodrigo: ( ) Shows em casas pequenas. ( ) Shows em festivais. O vocalista marca o xis na primeira opção: “Cada um traz um tipo de sentimento. Em festivais grandes a gente tem uma visão maior da massa. Me sinto bem nos dois, mas prefiro shows em lugares menoresâ€. O perigo é tocar em festivais de médio porte, com estrutura de eventos pequenos. “Uma vez a gente tocou no interior de São Paulo e o cara pulou do palco que era bem alto e se machucou sérioâ€, lembra. Por falar em lembrança, no meio do papo lembrei do festival Pop Rock Brasil 2005, quando ele disse ironicamente: “Estou com sede! Quero uma Coca-cola!â€. “É, eu pedi, mas eles não quiseram me dar. Mas eu não bebo refrigerante mesmoâ€, explica.

Uma rincha só, três bandas

Na verdade, o Dead Fish é muito amigo das bandas Os Pedrero, Merda e Mukeka di Rato: “Mas a gente fala pra mídia que somos inimigos. Assim vende maisâ€. Depois de entregar o jogo ele tenta remendar a suposta rincha: “Mas não fala que eu gosto deles não. Fala que eles são tudo canela verde podreâ€. “Peraí, estou anotando aqui: canela verde podreâ€. “Canela verde é quem nasce em Vila Velhaâ€. Outra vez surge uma “palavra que eu não gostoâ€: Padrinho. “A gente se sente mais como um igual do que como um padrinho. Só poderia apadrinhar se tivesse uma gravadoraâ€, diz.


Em ação no Oi Tem Peixe na Rede

Uma saudação só, mais de três anos

Para o final, deixo a pergunta mais importante da entrevista: “De onde surgiu e qual a história do 'Ei Dead Fish, vai tomar no cu'?†Rodrigo gosta do último tema do papo e explica detalhadamente: “Nossa, essa história é muito boa. A banda estava no limite para acabar e infelizmente isso foi gravado. Era um show no Hangar [em São Paulo] em janeiro de 2003. Eu estava bem de saco cheio. Não agüentava mais o Nô [baterista]. Começamos o show num clima horrível. Eu pedi que o pessoal recepcionasse a gente bem e comecei a pedir que eles gritassem: 'Ei Dead Fish, vai tomar no cu!' Eu estava mandando por terceiros a banda praquele lugarâ€. O grito virou a saudação oficial aos integrantes do Dead Fish e sempre antes, durante ou depois dos shows os fãs repetem: “Ei Dead Fish, vai tomar no cu!â€.

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