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Elias em onze (+ 1)

por Rodrigo Campanella

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Na semana em que "Os 12 Trabalhos", de Ricardo Elias, chega a Belo Horizonte, fomos atrás do diretor para trocar algumas palavras. Por trás de cada pergunta, uma mesma questão: como fazer um filme tão simples à primeira vista e tão complexo, cheio de redes que se emaranham, quando assistido com cuidado. A pergunta permanece aberta: talvez a resposta esteja selada é no filme em si.

Pílula Pop: Você ama São Paulo, a cidade?

Ricardo Elias: Eu gosto muito de São Paulo. Como nasci aqui conheço bem a cidade, isso facilita a relação. Ao mesmo tempo tenho consciência de como é uma cidade complicada.

Pílula Pop: O que levou você a escolher o cinema para contar suas histórias?

Ricardo Elias: Sempre gostei de cinema.


Elias, Lucinha e a aula de canto lírico

Pílula Pop: O jovem de classe C e D está presente em boa parte do cinema nacional, mas de modo muito diferente do que é mostrado nos seus filmes, “De Passagem†e “Os 12 Trabalhosâ€.Qual é o foco que você busca desse jovem?

Ricardo Elias: O jovem da classe C e D é mal representado no audiovisual e na mídia em geral. Há um fascínio muito grande pelo hediondo, é fácil chocar usando imagens berrantes de violência. Minha proposta é outra: chamar atenção pelo inusitado, pelo diferença.

Pílula Pop: Impressiona no “Os 12 Trabalhos†como cada personagem, por mais rápida que seja a aparição, é muito bem elaborado: roupas, maquiagem, treijeitos, expressões. Como foi montar esses personagens junto dos atores?

Ricardo Elias: Eu dirigi todos os testes de elenco. Testei todo o elenco do filme, com exceção de apenas 4 pessoas. E optei por grandes atores como as mineiras Cythia Fallabella e Manoelita Lustosa pra compor pequenas personagens mas que seriam importantes pra história como um todo.

Pílula Pop: O Sidney Santiago, que interpreta o personagem principal, é uma pessoa sorridente, bem-humorada. Como foi o processo para que ele incorporasse o Heracles, que boa parte do tempo parece alguém que voltou traumatizado de uma guerra?

Ricardo Elias: O Sidney é um grande ator. Como tive a felicidade de encontrá-lo muito cedo, passei a testar o resto do elenco em função dele. É um ator muito inteligente com uma formação sólida, uma bagagem cultural muito grande.


Elias, Sidney Santiago e o piano imaginário

Pílula Pop: Na escolha de elenco houve intenção de dar lugar a uma nova geração de atores, ainda desconhecidos no cinema e na televisão?

Ricardo Elias: Eu escolhi muitos atores que nunca tinham feito nada em cinema ou mesmo no teatro. Isso foi bom, porque eles chegaram abertos.

Pílula Pop: Quantas semanas levou a filmagem e com quanto dinheiro o filme foi feito?

Ricardo Elias: O filme demorou 1 ano e dois meses do início da pré-produção até a primeira cópia. Custou um milhão e quinhentos mil reais.

Pílula Pop: Quem você admira no cinema nacional?

Ricardo Elias: Eu gosto muito do Nelson Pereira dos Santos, do Joaquim Pedro (de Andrade), do Roberto Santos.

Pílula Pop: E no cinema mundial, quem te influencia?

Ricardo Elias: Gosto do (Bernardo) Bertolucci, do (Eric) Rohmer, do (Roberto) Rossellini e do Jean Renoir entre outros.


Elias enquadrado no programa do recital

Pílula Pop: Há algum eco de “São Paulo S/Aâ€, do Luiz Sérgio Person, em “Os 12 Trabalhos"?

Ricardo Elias: Talvez, mas com certeza há um eco muito forte de “O Grande Momentoâ€, do Roberto Santos.

Pílula Pop: Qual a sensação de ver o trabalho pronto na tela, correndo mundo e ganhando prêmios?

Ricardo Elias: É muito bom. Dá uma satisfação enorme.


Faixa Bônus: Ricardo Elias respondeu essa entrevista por e-mail, na pressa de partir no dia seguinte para Nova York. Viagem de obrigações: “Os 12 Trabalhos†foi aceito no Havana Film Festival. Depois ainda iria para os festivais de Chicago e São Francisco, onde também foi aceito. O filme pronto, e na tela, é o início de uma série de trabalhos bem maior (e ao que parece, mais corrida) do que apenas uma dúzia.

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