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A quem a letra não urge? Considerando essa necessidade da escrita inerente a muitos, cá estão algumas letras que buscam cores como tratamento para dores diversas. |
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O fundo do mundo II
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Eu sabia carecer de poesia.
Tanto que o retirei da estante desveladamente. Nenhum sinal. Fez de conta que dormia. Eu sabia quanta falsidade havia naquele dormir. Insone, negava-me palavras por ausentar-me tanto.
Da parte dele, não perdoava meu silêncio ou que eu dançasse sem música. Dizia que eu precisava contar-lhe tudo: as dÃvidas, as histórias e as datas. Eu fugia de todos eles, dos possÃveis números e passÃveis vidas, dos sorrisos rápidos ou irônicos.
Da parte dela, me faltava: essa mãe de todos os tristes, dos que fogem tentando chegar por todas as vias ao mais fundo do mundo.
Fundo?
Não há. Ele dizia, sorrindo.
Nessas horas eu o chamava Sarcasmo.
E ela, tão linda, sempre me dizia que continuasse.
-- Camilla Felicori gosta muito de cores. camilla.felicori@gmail.com
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