 |
|
|
 |
Escrevendo, quando em vez. |
|
 |
(des)
 receite essa matéria para um amigo
e agora (re) vivendo alguns pedaços ocultos, de farrapos de horas minuciosamente esquecidas, para que o buraco não se fizesse tão gritante, tangidos por purpurinas soltas no glamour da sofreguidão antiga, muito talvez pela falta de um próprio definir de caminho adequado, ele preferia se estremunhar por entre teias e galhos que lhe tampavam a face, para que do pardo-oculto da solidão pudesse fazer um abrigo, protegido de grandezas grandes que lhe pudessem ocultar a vista e lhe fazer cerrar os olhos. E pensar em sua fragilidade era um sofrido necessário para que pudesse entender o quão longe estava de todas essas luzes azuis que planejam um mundo confortável e consciente, de uma consciência tola, mas que fique claro, ainda necessária. E sua (des) própria (des) crença lhe fazia uma dor inalcançável, tão necessária para uma consciência crÃtica, que era bom ver quanta dor poderia sentir, ate um ponto que não pudesse dosar e saber enfim, que de dores seu paraÃso era aos poucos trabalhado. Mesmo que tal lugar, seja, logicamente, inalcansável, mas o que importava, na verdade, era o caminho, as provações que lhe conduziriam a um lugar, ainda que inexistente.
A amenidade é uma pretensão destinada a poucos.
E nesse insistir que as horas lhe pesavam, era engraçado ver a dança falsa das manchas quentes de vela lhe acender os olhos, num pedaço de trapo guardado, entre lembranças esquecidas duma tarde seca, de folhas secas e laranjas que se entregavam à força outona, de suspiros outonos, de gritos e transpiros gastos, em matéria parca de desejos abjetos. E era na (re) conquista de seus cantos pequenos, de suas vozes caladas, de gritos gritados ali dentro, na jaula-terça de sonhos muito grandes, quando o agressivo colorido pudesse lhe invadir as frontes, que sabia que seu delÃrio era o mais próximo da sobriedade que estaria.
E no fim, sabia bem, aqueles pensamentos só causariam ferimentos a uma única pessoa. O que já era muito. Antes, calar. Antes calar.
Cala R
cAl a (r)
C-A-L-A-R
C a L ar
--
nianpl@gmail.com
» leia/escreva comentários (4)
|
