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Amimurga Letra
Camilla Felicori
A quem a letra não urge? Considerando essa necessidade da escrita inerente a muitos, cá estão algumas letras que buscam cores como tratamento para dores diversas.

Ficção a partir da vida, nem sempre arte.

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Romeo saiu de casa sem despedir-se da mãe ou dos irmãos. Sentia-se quase tremer de ansiedade. Sabia que demoraria ainda para chegar, sabia que teria muito ainda a esperar, o trem, o ônibus e ainda alguns minutos de caminhada.

Olhava para as pessoas que cruzavam seu caminho com descaso e ao mesmo tempo ódio. Ninguém curaria sua dor, nenhuma palavra, nenhum sorriso, mesmo da moça bonita da padaria onde ele sempre comprava o pão. Também, ninguém sorriu naquele dia para ele. Se tivessem sorrido talvez diminuiria ao menos sua dor? Ou ódio. Impossível responder. Demorou ao todo uma hora e quarenta minutos para chegar até a faculdade. Essa foi a uma hora e os quarenta minutos mais demorados de toda sua – curta – vida. O tempo realmente insistia em não passar.

Quando chegou, um pouco cansado, mais inquieto que cansado, não tentou disfarçar o peso de sua mochila, hoje vazia de literatura e cheia de violência. Na impossibilidade de curar-se, matou-se, levando consigo outros trinta e dois. Dentre eles, Anne, das aulas de filologia, apaixonada por ele que nunca ousou mirá-lo ou sorrir e nunca o fará.

Leia:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2007/04/070418_virginiaperfilprofebc.shtml
http://news.bbc.co.uk/hi/spanish/international/newsid_6566000/6566463.stm

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Camilla Felicori gosta muito de cores.
camilla.felicori@gmail.com

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