Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros


Nossa avaliação

[xrr rating=2/5]

“Abraham Lincoln: Caçador de Vampiros” desperdiça uma ideia que poderia ser bem divertida graças a um roteiro preguiçoso e uma direção equivocada. Como o título já entrega, o filme baseado no livro de Seth Grahame-Smith imagina o presidente dos Estados Unidos no século XIX tendo uma vida de Buffy Summers antes de ingressar na carreira política. Ele acaba se tornando presidente, mas não consegue fugir da luta contra os vampiros que migraram para a América e se alimentam do sangue dos escravos.

As cenas de ação exageradas do russo Timur Bekmambetov, que funcionaram tão bem em “O Procurado”, aqui perdem o sentido e acabam ficando constrangedoras. Tudo bem os chupadores de sangue terem poderes inumanos, mas o personagem-título é um homem comum, que seria incapaz das proezas na tela. Apesar de um ou outro momento visualmente interessante, a direção é confusa (Bekmambetov se perde espacialmente e temporalmente, sendo o clímax com o trem o melhor exemplo de sua dificuldade em situar o espectador na ação) e o ritmo da trama é cansativo, com o excesso de ação sendo intercalado por momentos de entediantes que buscam situar a política e história da época.

Além de reimaginar Lincoln como matador de vampiros, o filme ainda toma outras liberdades com relação ao passado norte-americano que são problemáticas dentro de sua proposta de ancorar a fantasia em um fundo de realidade. <Pausa para comentário histórico> Ao contrário do que o filme prega (e também boa parte dos americanos que prezam o mito Lincoln), o presidente não foi desde sempre um abolicionista convicto. Quando guerreou contra o sul em 1861 sua proposta era de que os novos territórios anexados ao país não usassem mão de obra escrava. Seus motivos não eram humanitários, mas econômicos: os operários assalariados saíam mais barato e davam retorno (pois eram também mercado consumidor), o que interessava ao nascente industrialismo americano. Quando precisou, durante a guerra, impor a censura e o serviço militar obrigatório, usou o tempero liberal do fim da escravidão para garantir o apoio nortista. <Fim do comentário histórico>

Mas vá lá, isso podia até ser ignorado se o filme divertisse, o que não acontece. Ao transformar Lincoln em um super-herói que em conjunto com os negros “limpa” do país um povo ameaçador, o filme propõe um novo mito de criação dos Estados Unidos (colocando no contexto da época, basta substituir vampiros por índios), que na melhor coisa do longa tem seu mapa forjado por gotas de sangue. Felizmente, dada à mediocridade do resultado final, este será um mito que não se perpetuará.

Ao invés de ver o presidente americano interpretado por Benjamin Walker (uma espécie de jovem Liam Neeson sem a atitude badass) preferimos relembrar outros líderes que se saíram muito melhor no cinema do que o Lincoln de Bekmambetov.

Thomas J. Whitmore
Em “Independence Day” o presidente não apenas faz o obrigatório discurso edificante como pilota um caça para pessoalmente matar alguns aliens. Isso é que é líder atuante.

O Primeiro Ministro
O personagem pode não ter nome próprio em “Simplesmente Amor”, mas faz um discurso que deixa no chinelo o presidente americano do Billy Bob Thornton. E ainda faz dancinhas na residência oficial…

Dave
Ele apenas substitui o presidente, mas se apaixona, propõe mudanças e aproveita – bem – a chance de ser “Presidente por um Dia”. E faz um discurso edificante obrigatório, claro.

James Dale
Em “Marte Ataca!” Jack Nicholson é o presidente dos Estados Unidos. Jack Nicholson! O presidente! Precisa de mais?


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