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"Paranoid Android é um caso único"

Vitor Araújo lança disco de estréia

por Braulio Lorentz

Fotos: Divulgação

A estréia do pianista recifense de 18 anos Vitor Araújo no Rio, no dia 1º de Abril, na Modern Sound, em Copacabana, marcava o início das celebrações dos 10 anos da gravadora por qual foi contratado, Deckdisc, e o lançamento de seu primeiro trabalho. TOC Ao Vivo é um dual disc - CD de um lado; DVD de outro - e foi gravado no Teatro de Santa Isabel, em Recife (PE).

"Meu sonho era tocar lá desde pirralho. Fiquei nervoso, claro. É o teatro mais importante da minha cidade e ainda estava cheio de câmeras. O pessoal do Santa Isabel já me conhece. Desde 10 anos freqüento lá como espectador", lembra Araújo, nitidamente cansado com sua nova rotina e surpreso com alguns dos compromissos. Era o caso do daquela noite do dia da mentira:

"Eu nunca toquei para pessoas comendo e bebendo".

Ele viajara de São Paulo para o Rio pela manhã e já tinha falado com mais de uma dezena de jornalistas no decorrer da tarde. Sem muito fôlego entre uma resposta e outra, faz cara de insatisfação, mas leva no bom humor quando é avisado pela produção que não vai poder tomar banho antes do show ("Vou começar a ser conhecido como o pianista-gambá"). A distância do chuveiro é a de menos, o que mais importuna o músico é estar longe do piano, sendo que isso vem acontecendo nas últimas semanas cheias de entrevistas e viagens.

"É péssimo não poder tocar piano. É como não escovar os dentes. Há quatro dias não vejo a cor de um piano", lamenta.


Vitor escovando os dentes

A primeira apresentação no Rio começa com "Toc", música de Tom Zé que dá nome ao seu debute. Em entrevista antes do show, Araújo recebeu com espanto a notícia de que seu primeiro single é sua "interpretação mais pesada", "Paranoid android", do grupo inglês Radiohead.

"Ela é uma música forte. Não gosto de fazer rock no piano. 'Paranoid android' é um caso único. Não sou um pianista que toca rock. Toco música erudita e jazz", esquiva-se, concordando que é uma ironia ser mais conhecido justamente pela único momento mais roqueiro de seu álbum.

Araújo continua sua fuga do rótulo de pianista do rock, que ganhou força com a confirmação de seu nome na lista de atrações do festival Abril Pro Rock, na capital pernambucana, no dia 12 de abril:

"Radiohead é a banda que mais escutei na minha vida. Meu primeiro disco é muito meu, por isso inclui 'Paranoid android'. É uma música que dá margem para muita improvisação".

Ele diz que já conheceu ídolos como Chico Buarque (do qual pinçou "Samba e Amor"), mas se conhecesse Thom Yorke (vocalista do Radiohead) nem sabe o que faria.


E quando tinha tempo para dormir

"E olha que eu não gosto de bancar tiete. Eu gosto de Radiohead, sim. Mas com Beethoven, Chopin, Bach e Villa Lobos", explica.

De seu ídolo maior na música clássica toca "Dança do índio branco". O pianista encanta-se ao descrever Villa Lobos:

"Ele é muito híbrido, um exagero. É muito 8 ou 80, não na qualidade, mas na estética e na concepção".

O lado compositor de Araújo aparece apenas de leve. São duas músicas compostas por ele na estréia: "Valsa pra lua" e "A última sessão".

"Neste momento, gosto mais de interpretar do que de compor", explica o pianista, "No futuro, não sei. Considero que fiz duas músicas. Na verdade três, mas a terceira, que não está no disco, não tem nome".

"Quando falei no Programa do Jô que estudava piano duas horas por dia, todo mundo entendeu errado. Passo duas horas estudando técnica. No piano, fico entre quatro e seis horas por dia", retifica.

Antes da entrevista uma menina havia falado "Sou sua fã número um", no que ele respondeu: "Você vai ter que competir com a minha mãe".

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