Busca

»»

Cadastro



»» enviar

Festival Outrorock

por

receite essa matéria para um amigo

por Taís Oliveira

Fotos: Taís Oliveira

Queridos editores de música (a.k.a. chefes),

É fim de semestre nas faculdades e ninguém teve tempo suficiente para cobrir o Festival Outrorock, que aconteceu neste final de semana, dias 7 e 8 de junho, na Praça Floriano Peixoto, em BH. Eu também não tive, mas cobri mesmo assim.

O primeiro dia

Quando cheguei lá o som estava com sérios problemas, e a conseqüência disso foi que o Tênis teve que terminar de passar o som até as 15h, mais tarde do que o previsto. Logo depois a banda (estranho falar na terceira pessoa, já que sou a baterista) entrou no palco, pois não podia haver atrasos. Tivemos a participação de uma dançarina enlouquecida e, apesar dos problemas no som e de outras eventualidades, foi um show bom. (Isso foi que me disseram. Eu sou muito mais crítica comigo mesma.)

Depois entrou o !slama no palco (a ordem das duas primeiras bandas foi trocada). Nessa hora tive que cumprimentar papai, mamãe e amigos, dar entrevistas, guardar instrumentos, essas coisas, e nem tive tempo de assistir ao show. Quase não consegui ver o The Dead Lover´s Twisted Heart, que veio logo em seguida, por esses mesmos motivos. A banda dançante mais legal da cidade, que vai participar do festival Calango (Cuiabá), foi bem prejudicada por causa do som e teve até que cortar algumas músicas do repertório.


Dead Lover's na praça

Na hora do Ãmpar eu já estava mais tranqüila, e pude prestar atenção. O som ainda estava ruim, mas a banda fez um show bacana. Mas a tranqüilidade não durou muito, e tive que ajudar uma amiga bem na hora do show do Carolina Diz. Cheguei na metade do show do Monno, e nessa hora parece que já tinham descoberto o problema do som. A banda fechou o primeiro dia do festival com uma semi-invasão das outras bandas no palco. Um pegava o microfone para uma palhinha, outro tentava ressuscitar a guitarra de Bruno deixada de lado com problemas técnicos no finalzinho, outros batiam palmas. Ao final, vários falaram ao microfone agradecendo bastante a presença do público, que prestigiou a iniciativa das bandas e o apoio da Prefeitura, e lembraram que no dia seguinte teria mais Outrorock.

A festa

Costas doendo, fui comer uma fatia de pizza e já me dirigi ao Matriz, onde aconteceu a Festa Outrorock. Ficamos sentados na escada (como de praxe), levando, ocasionalmente, goteiradas na cabeça, vendo as poucas pessoas passarem e pensando que não ia aparecer ninguém. Mas de repente apareceu um grupo legal que incluía integrantes do Constantina, Dead Lover’s, Carolina Diz e Monno. Logo depois das discotecagens do Marcelo (Fórceps) e Cris Foxcat, o Fusile entrou no palco (é ótimo quando você não tem que esperar horrores pela banda). Fiquei impressionada: esperava uma coisa boa, e foi muito boa. Falaram-me que parece Gogol Bordello - eu assumo vergonhosamente que não conheço direito, e não vou conseguir explicar o som da banda. Mas os sintetizadores/teclados da menina bonita são super bacanas, fora o resto. Enfim, valeu a pena.


Fusile no Matriz

Logo depois o Eduardo (do Tênis) fez uma discotecagem super bacana - sei que vocês devem estar pensando que eu estou puxando o saco, mas gostei de verdade, o que faz sentido, pois ouvimos quase as mesmas coisas. Foi rapidinho, logo o Nuda entrou no palco, eu cheguei a ouvir uma música, talvez duas, mas fui embora porque estava muito cansada.

O segundo dia

No domingo voltei para a Praça Floriano Peixoto para a segunda parte do Outrorock. Estava um dia lindo, o que acentuou o clima Woodstock do festival, com as pessoas sentadas na grama, curtindo as músicas e o ambiente de colaboração e camaradagem que pairava no ar... Tinha também gente sentada no cimento, gente em pé, crianças brincando no parquinho... A visão do palco faz tudo ficar melhor. Infelizmente perdi o show do Pêlos de Cachorro, que abriu o dia, e cheguei já na metade do show do Gardenais. Depois entrou o Antenafobia, em mais uma troca de ordem das bandas, já que era a vez do Enne. Com o som melhorado (mas não perfeito), os shows também estavam melhores.


Cinco Rios, três a mais que a música do Skank

Na hora de apresentar o Enne, Bruno Miari do Monno fez, em resposta aos gritos de “toca Raul!â€, um pedido controverso: “vamos deixar o Raul ir!†causando a ira dos punks/roqueiros/metaleiros de plantão. E como conseqüência, o show da banda era uma mistura das músicas pesadas com gritos e palavrões, incluindo o xingamento mais popular da atualidade: “Emo!â€. Jay, o vocalista do Enne, rebateu: “Até Raul fala de Amorâ€. Fechando o segundo e último dia do Outrorock, o Udora esteve ótimo, e levou todo mundo que estava na Praça a cantar junto, de pré-adolescentes a cinqüentonas.

Os organizadores, ou seja, as bandas, muito emocionadas com o sucesso do festival, foram então desmontar barricadas e barracas, esvaziar freezers e carregar tudo para o caminhão. Escrevi este texto enorme, e, contrariando as normas jornalísticas, quero dizer aqui no pé que o importante disso tudo foi que pela primeira vez as bandas de Belo Horizonte se uniram na tentativa de melhorar as coisas para todo mundo. E fazer isso com apoio da Prefeitura, numa praça pública e de graça para quem quisesse ver, sem distinção de tribos ou qualquer coisa, só faz o mérito se tornar ainda maior. Nem tudo foi o ideal, mas esse foi só o primeiro passo, e como muita gente falou no microfone, ano que vem tem mais.

Uma pena vocês não terem ido. Mas o Rio de Janeiro também é lindo...

» leia/escreva comentários (5)