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No mar de barracas

Festival de Glastonbury - Inglaterra, 27, 28 e 29/06/08

por Rodrigo Ortega

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O Pílula já desarmou sua barraca no festival inglês. Confira aqui a cobertura completa direto da fazenda que foi tomada das vacas inglesas por bandas e fãs por um fim-de-semana.

"Anjos nascidos da lama"

30/06

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Leonard Cohen começa a cantar. Faz sol.

São mais de oito horas, mas ainda está claro. Ele está de paletó escuro de risca de giz e um chapéu cinza. A sua voz não compete com as guitarras, como as outras vozes que subiram neste palco, e sim com o baixo. O tom é grave, mas a expressão do rosto é suave. Porém, esse sorriso não é para mim. Esse chapéu cinza que vai da cabeça às mãos, revelando cabelos tão brancos quanto as nuvens que não estão no céu, é um sinal de reverência para os músicos de sua banda.

Entre vocalistas e intrumentistas de cordas, sopro e teclas, eles são nove. Passando de um por um, serenamente como nenhuma outra voz que subiu nesse palco, Leonard Cohen sorri e observa admirado. Glastonbury está olhando para o cantor canadense, mas ele desvia as atenções para os lados como se para dizer: "ei, "eu não estou sozinho".

Isto acontece pelo menos durante as duas primeiras canções, "Dance me to the end of love" e "The Future". "Que música vamos tocar agora?", ele pede ajuda aos músicos. "Ain't no cure for love". Leonard Cohen não está sozinho. Ele é sua banda, junto com os outros nove, que ao longo do show ele apresenta pelo nome repetidas vezes.

Eu também não estou sozinho. Eu sou Glastonbury, junto com as outras cem mil pessoas. É assim que nos chamam o tempo todo ("Bom dia, Glastonbury", "Boa tarde, Glastonbury", "Canta comigo, Glastonbury"). A mais próxima dessas pessoas é uma mulher que parece ter uns cinquenta anos ou mais. Cabelos lisos, grisalhos, roupas coloridas e uma mochila suja. Com um celular velho nas mãos, ela manda várias mensagens para alguém. Estico o pescoço. "same bloody stranges". Ela se inclina para o outro lado.

Na minha imaginação ela escuta Leonard Cohen, trinta anos atrás, com alguém que, trinta anos depois, tem várias mensagens não-lidas no celular.

"Hallelujah". Agora sim, somos Glastonbury. Duzentas mil mãos para cima, aleluia, é uma missa. Agora sim, Leonard Cohen tira o chapéu para nós. "É um prazer estar aqui com vocês, anjos nascidos da lama".

Mas o tempo é um demônio. O sol já está quase se pondo e, da próxima vez que ele nascer, já não vamos ser mais Glastonbury. "Closing Time" e ele já se despede. Eu estou sozinho. Depois "Anthem": "Há uma fissura em todas as coisas / É como a luz entra". O tempo é um demônio. Leonard Cohen está tocando teclado. Sozinho.

Na minha imaginação, a mulher de cabelo grisalho me dá um longo abraço de despedida. Na minha imaginação ela mandou todas estas mensagens pra mim, mas eu só vou receber daqui a trinta anos. Na minha imaginação há uma mensagem não-lida no meu celular. Ela diz: "Há uma fissura em todas as coisas. É como a luz entra".

Leonard Cohen pára de cantar. Não faz mais sol.

Amém.

Viadagem e rock'n roll

29/06

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Não foi um show o que o Goldfrapp fez hoje a tarde em Glastonbury. A apresentação estava mais para instalação de arte. O palco era decorado com bandeiras tipo de festa junina, enormes fios de tear ao fundo e um mastro com um chifre de veado no meio. A vocalista, Alison Goldfrapp, estava vestida com várias fitas coloridas, como um bumba-meu-boi nórdico. Uma belezura.

As canções eram, como grande parte do último disco deles, climáticas e arrastadas, com muitos instrumentos acústicos e menos eletronices. Mas o público gostou mesmo foi dos hits "Number 1" e "Oh la la".

Dançarinos fizeram várias performances durante as músicas. Um par de garotas com um vestidinho branco se contorcia e rodava, deixando as calcinhas à mostra para a multidão. Em outro momento, quatro monstrinhos, tipo Chewbaccas coloridos, dançaram em volta de Alison. No final, as tais garotas tiraram a roupa de vez e dançaram no mastro com o chifre de veado.

Imagine o extremo oposto disso aí e você vai saber como foi o show do The Verve. Richard Ashcroft subiu no palco de jaqueta de couro, reclamando de Jay-Z (o que lhe rendeu algumas vaias) e declarando: essa noite é do rock'n roll. Eles abriram com "This is Music", do disco A Northern Soul, anterior ao multiplatinado Urban Hymns.

A música nova que eles tocaram tem realmente mais a ver com o psicodélico e barulhento A Northern Soul do que com o baladeiro álbum seguinte. Mas no show não faltaram, claro, as já clássicas "Drugs don't work", "Lucky Man" e "Bittersweet Simphony". Com certeza o último show do festival, que hoje teve 170 mil presentes, teve os maiores coros com as baladas do Verve.


Boa noite para você também, Richard (foto: NME)

Ainda teve o show do Leonard Cohen, coisa linda, mas esse eu deixo pra encerrar a cobertura, porque agora eu vou ali desarmar minha barraca.

Fogo amigo

29/06

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Acabei de tirar uma soneca de domingo à tarde na grama aqui, antes dos últimos shows do festival - Goldfrapp, Leonard Cohen e The Verve. Mais cedo, vi um show fantástico: dos Friendly Fires, um quarteto inglês. O vocalista lembra o Ian Curtis, mas a banda está mais para New Order, rock com umas coisas eletrônicas. O show foi no palco John Peel, menor do que os principais. Os telões com efeitos de luz ao fundo deram um clima especial. A música que está aí embaixo, "Paris", foi tão boa que eu não resisti a dar uns pulinhos, por isso o vídeo está mais tremido que o normal, foi mal. No final do show, o guitarrista começou a correr pelo palco passando um aspirador de pó (!) na guitarra, enquanto o vocalista começava uma dança estranha. O guitarrista caiu no chão e ressurgiu com um chocalho, balançando em direção ao público como se fosse um pajé. Nisso o vocalista já estava frenético na dança e os telões simulavam um incêndio. Quase deu pra acreditar.

Aí está também um vídeo de sexta, de "Look Out Sunshine", dos Fratellis.

Franz Ferdinand e We Are Scientists

28/07

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Mais dois vídeos: "Walk Away" do Franz Ferdinand e "Nobody move, nobody get hurt" do We Are Scientists.

Jay-Z odeia Oasis, Alex Turner ama Jack White e Amy é um drinque

28/07

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Sábado foi um dia ensolarado e surreal em Glastonbury. Jay-Z fez cover de "Wonderwall", Alex Turner fez um show surpresa com participação de Jack White e Amy Winehouse apareceu pra cantar com a cabeleira decorada com mini guarda-chuvas coloridos, daqueles de drinques tropicais.

Acordei e descobri que todas as pessoas do mundo, pelo menos deste mundo aqui, têm um óculos escuro com armação colorida, tipo new rave. Pelo menos metade do público do show do septeto galês Los Campesinos! usava um desses. O show foi um ótimo início de surrealidade.

"Agora nós vamos tocar 'This Is How You Spell Hahaha, We Destroyed The Hopes And Dreams Of A Generation Of Faux-Romantics' ", anunciou o vocalista Gareth. E o pior é que a música é boa. Ele pula como se estivesse dando piti, vai cantar na grama, no meio das pessoas e dá selinho pra frentex no outro guitarrista antes da sensacional "You! Me! Dancing!".


O selinho prafrentex do Los Campesinos!

Mas animado mesmo foi o show do Wombats, trio de Liverpool de rock engraçadinho, da linha que começa no Supergrass. Muita gente canta junto músicas como "Moving to New York" e "Let's dance to Joy Division". No palco, só os três músicos e o mascote da banda - um marsupial gigante com... um óculos new rave! Antes do hit "Backfire at the disco", tive que sair correndo para o show dos Raconteurs.

O show da banda de Jack White e Brendan Benson, foi o mais "eu já sabia que ia dar certo" da história, pois o último disco deles, Consolers of the Lonely, parece ter sido composto especialmente para ser tocado em grandes festivais de verão como este. Rocks feitos como se estivéssemos nos anos 70, que criaram o clima para grandes jams instrumentais, e belas baladas, como "You don't understand me" e "Many shades of black" funcionaram muito bem na tarde ensolarada. O clima estava perfeito, sem nuvens - até nisso Jack White é sortudo pracaralho.

No fim da tarde, no palco The Park rolou o segundo show surpresa do festival: os Last Shadow Puppets, dupla formada por Alex Turner, vocalista dos Arctic Monkeys, e o já citado vocalista dos Rascals. Na última música, Jack White apareceu com sua guitarra.

A apresentação foi curta, com oito músicas. Os dois se alternam entre guitarra, violão, voz principal e backing, como uma brincadeira de amigos adolescentes que estão aprendendo a tocar. Só que eles já aprenderam há algum tempo, e as músicas são bonitonas. Os destaques são a balada "Meeting Place" e o primeiro single e nome do disco, "Age of the understatement".

A aparição de Jack White foi tão inesperada quanto rápida. Ele entrou, fez um solo cheio de microfonia de quinze segundos, deixou a guitarra e saiu sem falar nada. Foi uma sensação de "ahn?" típica de Jack White: Ou ele foi genial ou ele ficou com preguiça de terminar o solo.


Jack White e os Last Shadow Puppets (foto: NME)

Nisso, a área em frente ao palco principal, onde Amy Winehouse tocaria, estava absurdamente cheia, tipo Rolling Stones em Copacabana. De onde eu consegui ficar, o telão era bem mais confiável do que a imagem real. Mas deu pra ver o cabelo armado e grandão como nunca (provavelmente pesando mais do que o resto do corpo), com os mini-guarda-chuva espetados. Toda hora a cantora colocava a mão neles, pra conferir se estava tudo em ordem.

Ela conseguiu cantar bem, mesmo com a voz muito rouca, e até dançar. Mas a cantora parecia meio fora da realidade, como sempre, e dava vários goles em um copo opaco. Os intervalos das músicas foram longos, e ela balbuciou um monte de coisas desconexas sobre Jay-Z e Blake, claro. Ela também citou seu amado encarcerado em "Back to Black" e "Loving is a losing game". Para provar que não está tão mal assim, Amy ainda apresentou todos os integrantes de sua ótima banda pelo nome.

O show dela terminou de uma maneira meio bizarra. No meio de "Me and Mr. Jones", ela desceu desequilibrada para a parte de baixo do palco e depois para a área dos fotógrafos, já na música de encerramento, "Rehab". Ela quase pulou para o lado de lá da cerca, e parece ter brigado com uma garota que puxou seu cabelo. No fim das contas, ela está em médio estado musical e ótimo estado de barraqueira. Tá rolando agora esse vídeo abaixo que mostra um pouco da confusão.


Amy e os guarda-chuvas coloridos (foto: NME)

A maior parte da multidão continou no mesmo lugar para ver o polêmico show do rapper Jay-Z. Durante todo o festival tentou-se rebater as críticas do Noel Gallagher à sua escalação como headliner. Defendê-lo aqui tornou-se "politicamente correto". Artistas como Estelle e Beth Ditto, do Gossip, falaram bem de Jay-Z no meio de seus shows.

Então ele fez o que qualquer norte-americano faria nessa situação - tirou proveito de toda a polêmica. O show começou com um vídeo com declarações verdadeiras e falsas sobre o tema, inclusive a fala de Noel. Eis que um dos músicos começa a tocar os acordes de "Wonderwall" no violão e Jay-Z dubla metade da música. O engraçado é que todo mundo cantou junto, como se não tivesse sido zoação. Olha aí (esse vídeo não é meu, claro):

Mas muita gente acompanhou também os raps do namorado da Beyonce, que não teve a auto-confiança tradicional de rapper abalada nem um pouco. Mas no meio de sua versão para "Rehab", resolvi voltar ao The Park para ver se o CSS é mesmo adorado na Inglaterra, ou se é papo do Lúcio Ribeiro.

A resposta foi bem positiva para a banda paulista. O espaço em frente ao palco (infinitamente menor do que o do principal, é bom frisar) estava lotado. Muita gente cantou de cor as letras de músicas como 'Meeting Paris Hilton' e 'Let's Make Love And Listen To Death From Above'. O palco era decorado com balões e dois grandes globos de discoteca no formato de cabeças de burro. Eles tocaram três canções do disco novo, Donkey, bem mais pesadas e roqueiras que as anteriores.

A banda, toda de perucas brancas, e Lovefoxxx, que alternou figurinos como uma espécie de Bombril gigante, uma roupa prateada e outra colorida coladas ao corpo, pareciam estar vivendo o momento de suas vidas. "Estou tão feliz que poderia morrer. Tão feliz que poderia virar loira", disse Lovefoxxx, sempre boa em declarações surreais - perfeitas para encerrar este dia.

"O Glastonbury é sagrado como... uma montanha"

28/06

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Então,


foi assim que as caveirinhas terminaram a noite de ontem. Foi logo depois de sair do Franz Ferdinand em uma correria danada para ver um pedaço do Panic at the Disco e ir direto pro Kings of Leon. Isso porque eu desisti de ver o Pete Doherty.

Acabei não conseguindo ver o Kings of Leon, pois a passagem de um palco estava inexplicavelmente fechada. Também, passei mais tempo no Panic at the Disco do que esperava. Ouvi "Nine in the afternoon" de longe, e depois eles perguntando humildemente se alguém ouviu o disco novo deles. Acho que nem a própria banda acredita no quanto ela mudou de um ano pro outro. De garrafadas no festival de Reading a um show simpático com direito a decoração retrô em Glastonbury.


Alex Kapranos

Mas duvido que alguma atração principal foi melhor do que o Franz Ferdinand. Num palco afastado e pequeno, o The Park, eles tocaram quatro músicas do próximo disco. E são sensacionais. Essa que eu gravei, no post abaixo, é a menos boa. Todas com muito Moog e baterias de verdade que parecem eletrônica. Tipo electro orgânico. "Turn it on" é mesmo hit garantido. Também rolou "Matineé", "Take me out", "Michael" e "Walk away", que eu também filmei, quando der passo pra cá.

Mais cedo ainda teve um outro show que deve ficar entre os melhores do festival, We Are Scientists. Eles falam coisas MUITO idiotas no meio das músicas, tipo "É a primeira vez que tocamos em Glastonbury. Então nos ajudem. Se tiver uma música que vocês não estiverem gostando, ponham as mãos nos órgãos genitais e pulem". Muita gente esmagada na frente e começo ("Nobody move, nobody get hurt") e final ("Great Scape") arrasadores.


We Are Scientists

Fratellis decepcionaram. Com um disco novo bem mais franquinho que o primeiro e uma má fama por aqui (vi uma declaração do vocalista de que "ninguém escolhe os fãs que tem"), o show foi frio. Ele usava camisa do Pink Floyd e rolou solo virtuoso de guitarra e até de bateria. Bem melhor foi o show dos Foals, uns caras meio posers, metidos a roqueiros cabeçudos, mas com um som pesadão e bem interessante. O vocalista, tentando ser intelectual e misterioso, fez um comentário muito do nada "O Glastonbury é sagrado, como... uma montanha".


Fratellis

Ps: Vou colocar depois vários vídeos desses shows. Mas só até os da manhã deste sábado. Depois vocês vão notar a drástica redução da qualidade das imagens, ou a incrível melhora, caso eu ache fotos de divulgação. É que agora mesmo eu ia entrando com minha pulseirinha de fotógrafo no show dos Wombats, e um cara me parou. Eu fiz o discurso tradicional de sou um jornalista brasileiro sozinho e ele não caiu. Aí ele me pediu pra ver minha câmera. Era uma Sony CyberShot 7.1. Os caras aqui têm aquelas câmeras gigantescas. Foi um dos momentos mais humilhantes da minha vida, como ficar nu no meio de atores pornôs. E o pior: quem viu a cena toda foi a Cibele, aquela cantora brasileira radicada em Londres. Ela está namorando um dos caras do Hot Chip e também estava tentando entrar no backstage. Humilhado na frente de Cibele, oh céus!

Boa noite

26/07

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

São duas horas da madrugada aqui e quase não vejo as caveiras da bota, coberta de lama. Amanhã conto sobre a parte final dos shows - Foals, Gossip, Ting Tings, We Are Scientists, Fratellis, Panic at the Disco e principalmente o show surpresa do Franz Ferdinand. Parece que esse novo disco deles vai ser lindo. Mais pop que a Kylie Minogue. Enquanto isso vejam o videozinho de uma das músicas novas, "Katherine Kiss Me". Ah, o da Kate Nash tá lá embaixo também.

KT Tunstall: "desculpem-me pela chuva"

27/07

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega


KT, de novo

Uma capa de chuva verde-oliva faz uma (não-)combinação com minha bota de caveira, agora que começou a chover de verdade. Foi no meio do show da KT Tunstall, e ela pediu desculpa: "Desculpem-me pela chuva, vou tocar uma música animada para ver se melhora". Mas não melhorou.

O show dela foi bacana, apesar do banho de água fria. A boa notícia é que do nada (será que foi pena de novo?), um cara me deu uma pulseira de fotógrafo, que dá acesso à frente do palco nas primeiras músicas. Então devem rolar umas fotos e vídeos melhorzinhos. A má notícia é que a conexão aqui está uma merda, então não vai ser difícil colocar as fotos e principalmente os vídeos agora, inclusive do Raul, o polvo azul.

Fica pra depois também o vídeo da KT Tunstall tocando aquela música de Malhação, que achei uma das mais chatinhas do show. Uma das melhores foi a versão com banda da música em versão acústica ali embaixo, "I don't want you now". Ela introduziu a música com um bom recado: "Garotos, cuidado se vocês têm uma namorada que escreva canções, porque ela pode fazer uma dessas".

O final, com todo mundo cantando aquela música da novela, "Suddenly I see", foi, hmmm... belíssimo.

Raul, o polvo azul

27/06

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Kate Nash fez um show pra lá de simpático hoje de manhã, abrindo o palco principal do Glastonbury 2008. O céu estava nublado e o chão lamacento. A chuva já tinhaparado, mas Kate tocou em um ambiente aquático. O palco era decorado como o fundo do mar e o seu piano ficava em cima de uma enorme concha.

A garota é mesmo aquela fofa e tímida que a gente imagina. Falou pouco com a multidão à frente dela e no meio de algumas músicas parecia que ia chorar de empolgação, tristeza, ansiedade ou não sei o quê. Algumas músicas tiveram o arranjo alterado, mais rápidas do que as versões de estúdio, como "Mouthwash", uma das melhores do show.

Outro momento lindo foi a balada "Birds", com o sol começando a aparecer no meio das nuvens. Mas a grande supresa foi em "Skeleton". Umas pessoas vestidas de esqueleto subiram no palco e fizeram coreografias pra música! Inspirado neles, e obrigado pela lama, comprei uma galocha com estampa de esqueletos.

Infelizmente só fiz essa compra após o show. No início, fui patinando com meu Allstar na lama, o que me fez atrasar e ter que ficar longe do palco. Por isso no vídeo de "Foundations" só dá pra ver mesmo a Kate Nash no telão. Mas valeu a pena: na busca pela cantorana telinha da câmera, acabei encontrando meu melhor amigo até agora no festival: Raul, o polvo azul. Confira esse encontro emocionante.

***


Rascals: barulhentos e sem-graça

Após a Kate, eu supostamente deveria ter visto o Be Your Own Pet, uma sensacional banda de mini-punks adolescentes anos dos EUA, com uma vocalista mauzona, mas tão gracinha quanto a Kate, Jemina Pearl. Mas cheguei lá e, supresa: outra banda estava tocando. Eram os Rascals, aqueles mesmos que eu perdi ontem, cujo vocalista toca com o Alex Turner no projeto bacana The Last Shadow Puppets.

Porém a banda principal dele é um desastre. É mais ou menos como seriam os Arctic Monkeys se eles não soubessem compor. Eles até conseguiram fazer muito barulho para um trio, com aquele sotaque inglês carregado do qual o Daniel tanto gosta. Mas nem os ingleses pareceram gostar. De qualquer forma, eu filmei um pedacinho, que também entra daqui a pouco, só porque eu estava achando a melodia muito parecida com aquela música "Venenosa, ê ê ê ê ê, erva venenosa ê ê ê". Prefiro a Rita Lee.

KT Tunstall

26/06

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Então, a tal atração surpresa da festa de abertura era a KT Tunstall. Ela tocou três músicas, só voz e violão, e ainda deu tempo pro discurso ecológico, vamos preservaar as águas e talz.

Ps: Vendo o discurso de novo dela no vídeo ("Vou beber essa água aqui, porque sou uma pessoa sortuda. Quem gosta de água diga Hi"), parece que ela tava era zuando bonito. Teve show dos Rascals, aquela banda do amigo do Alex "Arctic Monkeys" Turner hoje também, mas esse eu perdi.

Bons roqueiros, péssimos cozinheiros

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