O PÃlula já desarmou sua barraca no festival inglês. Confira aqui a cobertura completa direto da fazenda que foi tomada das vacas inglesas por bandas e fãs por um fim-de-semana.
Entre vocalistas e intrumentistas de cordas, sopro e teclas, eles são nove. Passando de um por um, serenamente como nenhuma outra voz que subiu nesse palco, Leonard Cohen sorri e observa admirado. Glastonbury está olhando para o cantor canadense, mas ele desvia as atenções para os lados como se para dizer: "ei, "eu não estou sozinho".
Na minha imaginação, a mulher de cabelo grisalho me dá um longo abraço de despedida. Na minha imaginação ela mandou todas estas mensagens pra mim, mas eu só vou receber daqui a trinta anos. Na minha imaginação há uma mensagem não-lida no meu celular. Ela diz: "Há uma fissura em todas as coisas. É como a luz entra".
Não foi um show o que o Goldfrapp fez hoje a tarde em Glastonbury. A apresentação estava mais para instalação de arte. O palco era decorado com bandeiras tipo de festa junina, enormes fios de tear ao fundo e um mastro com um chifre de veado no meio. A vocalista, Alison Goldfrapp, estava vestida com várias fitas coloridas, como um bumba-meu-boi nórdico. Uma belezura.
As canções eram, como grande parte do último disco deles, climáticas e arrastadas, com muitos instrumentos acústicos e menos eletronices. Mas o público gostou mesmo foi dos hits "Number 1" e "Oh la la".
Dançarinos fizeram várias performances durante as músicas. Um par de garotas com um vestidinho branco se contorcia e rodava, deixando as calcinhas à mostra para a multidão. Em outro momento, quatro monstrinhos, tipo Chewbaccas coloridos, dançaram em volta de Alison. No final, as tais garotas tiraram a roupa de vez e dançaram no mastro com o chifre de veado.
Sábado foi um dia ensolarado e surreal em Glastonbury. Jay-Z fez cover de "Wonderwall", Alex Turner fez um show surpresa com participação de Jack White e Amy Winehouse apareceu pra cantar com a cabeleira decorada com mini guarda-chuvas coloridos, daqueles de drinques tropicais.
Acordei e descobri que todas as pessoas do mundo, pelo menos deste mundo aqui, têm um óculos escuro com armação colorida, tipo new rave. Pelo menos metade do público do show do septeto galês Los Campesinos! usava um desses. O show foi um ótimo inÃcio de surrealidade.
Mas animado mesmo foi o show do Wombats, trio de Liverpool de rock engraçadinho, da linha que começa no Supergrass. Muita gente canta junto músicas como "Moving to New York" e "Let's dance to Joy Division". No palco, só os três músicos e o mascote da banda - um marsupial gigante com... um óculos new rave! Antes do hit "Backfire at the disco", tive que sair correndo para o show dos Raconteurs.
No fim da tarde, no palco The Park rolou o segundo show surpresa do festival: os Last Shadow Puppets, dupla formada por Alex Turner, vocalista dos Arctic Monkeys, e o já citado vocalista dos Rascals. Na última música, Jack White apareceu com sua guitarra.
A apresentação foi curta, com oito músicas. Os dois se alternam entre guitarra, violão, voz principal e backing, como uma brincadeira de amigos adolescentes que estão aprendendo a tocar. Só que eles já aprenderam há algum tempo, e as músicas são bonitonas. Os destaques são a balada "Meeting Place" e o primeiro single e nome do disco, "Age of the understatement".
A aparição de Jack White foi tão inesperada quanto rápida. Ele entrou, fez um solo cheio de microfonia de quinze segundos, deixou a guitarra e saiu sem falar nada. Foi uma sensação de "ahn?" tÃpica de Jack White: Ou ele foi genial ou ele ficou com preguiça de terminar o solo.
Jack White e os Last Shadow Puppets (foto: NME)
Nisso, a área em frente ao palco principal, onde Amy Winehouse tocaria, estava absurdamente cheia, tipo Rolling Stones em Copacabana. De onde eu consegui ficar, o telão era bem mais confiável do que a imagem real. Mas deu pra ver o cabelo armado e grandão como nunca (provavelmente pesando mais do que o resto do corpo), com os mini-guarda-chuva espetados. Toda hora a cantora colocava a mão neles, pra conferir se estava tudo em ordem.
A maior parte da multidão continou no mesmo lugar para ver o polêmico show do rapper Jay-Z. Durante todo o festival tentou-se rebater as crÃticas do Noel Gallagher à sua escalação como headliner. Defendê-lo aqui tornou-se "politicamente correto". Artistas como Estelle e Beth Ditto, do Gossip, falaram bem de Jay-Z no meio de seus shows.
foi assim que as caveirinhas terminaram a noite de ontem. Foi logo depois de sair do Franz Ferdinand em uma correria danada para ver um pedaço do Panic at the Disco e ir direto pro Kings of Leon. Isso porque eu desisti de ver o Pete Doherty.
Mais cedo ainda teve um outro show que deve ficar entre os melhores do festival, We Are Scientists. Eles falam coisas MUITO idiotas no meio das músicas, tipo "É a primeira vez que tocamos em Glastonbury. Então nos ajudem. Se tiver uma música que vocês não estiverem gostando, ponham as mãos nos órgãos genitais e pulem". Muita gente esmagada na frente e começo ("Nobody move, nobody get hurt") e final ("Great Scape") arrasadores.
Uma capa de chuva verde-oliva faz uma (não-)combinação com minha bota de caveira, agora que começou a chover de verdade. Foi no meio do show da KT Tunstall, e ela pediu desculpa: "Desculpem-me pela chuva, vou tocar uma música animada para ver se melhora". Mas não melhorou.
Outro momento lindo foi a balada "Birds", com o sol começando a aparecer no meio das nuvens. Mas a grande supresa foi em "Skeleton". Umas pessoas vestidas de esqueleto subiram no palco e fizeram coreografias pra música! Inspirado neles, e obrigado pela lama, comprei uma galocha com estampa de esqueletos.
Após a Kate, eu supostamente deveria ter visto o Be Your Own Pet, uma sensacional banda de mini-punks adolescentes anos dos EUA, com uma vocalista mauzona, mas tão gracinha quanto a Kate, Jemina Pearl. Mas cheguei lá e, supresa: outra banda estava tocando. Eram os Rascals, aqueles mesmos que eu perdi ontem, cujo vocalista toca com o Alex Turner no projeto bacana The Last Shadow Puppets.
Então, a tal atração surpresa da festa de abertura era a KT Tunstall. Ela tocou três músicas, só voz e violão, e ainda deu tempo pro discurso ecológico, vamos preservaar as águas e talz.