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Planeta Terra 2008

por Rodrigo Ortega

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Uma breve história do Planeta

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Quando Ricky Wilson, vocalista dos Kaiser Chiefs, apareceu com sua cara redonda no palco principal do Planeta Terra para o show de encerramento, o saldo do dia para mim ainda poderia ter sido frustrante. Mas quando eu o vi pulando no público já na primeira música, lendo frases em português com o maior sotaque do mundo e, principalmente, tocando com muita competência as músicas com sua banda, a dúvida foi embora.

Dizer que os Kaiser Chiefs salvaram o Planeta Terra (uau) seria exagero, mas o clima de diversão que eles criaram no fim da noite (exceto pros que não aguentam ouvir os hits da banda) fez muita diferença. A apresentação dos ingleses teve cerca de uma hora. Mesmo músicas que eu nem sabia que eram sucesso tiveram cara de hit ao vivo, com pessoas acompanhando as letras não só na turma do gargarejo.

Kaiser Chiefs

Ricky consegue jogar pra galera sem ser canastrão. Só suas tentativas de português já garantiriam a simpatia de qualquer pessoa. Ele conseguiu falar a frase "Ele é um herói" de uma maneira tão esdrúxula que foi comovente, ainda mais depois que eu li que ele estava agradecendo ao tecladista que foi tocar de cadeira de rodas, após uma cirurgia. O repertório foi equilibrado entre os três discos, mas pouca gente parecia conhecer as músicas do novo, que foram os poucos momentos mais parados do show.

Saí com o sorriso que eu estava esperando que fosse para o Jesus and Mary Chain. Eles eram quem eu estava mais ansioso pra ver, mas a falta de energia dos músicos no show e o volume baixo da guitarra ("Aumenta a guitarra, Tim Burton!", ouvi alguém gritar para o William Reid) colaboraram com minha decepção. Não que o show não tenha sido bonito e que eu não tenha ficado feliz só de ouvir "Just Like Honey" ou qualquer coisa dos tios que inventaram um tipo de rock que marcou a minha vida (como "Some candy talking" aí abaixo). Mas eu esperava um pouquinho a mais de energia dos Reid.

Jesus and Mary Chain

Exceto pela empolgação com os Kaisers e a semi-decepção com o Jesus, o festival para mim foi bem na média. A chuva que se armou de manhã não vingou, o clima estava excelente e a estrutura boa. A imagem do Hélio Flanders, do Vanguart, de óculos escuros na tarde nublada, fazendo um bom show para quem já tinha chegado, vai ficar entre as minhas boas lembranças. Eles tocaram umas músicas novas que parecem legais e reclamaram da cerveja ("traz bebida de gente grande, uísque", pediu o Hélio).

Vanguart

Ele devia estar afogando as mágoas do fim do namoro com a Mallu Magalhães. Ela declarou que rompeu com Hélio e está com um novo namorado. Pareceu-me super mentirinha-espanta-jornalista. Mas na parte que nos interessa, a música, a garota ficou devendo mais que o rapaz. O show da Mallu foi frio. Ao mesmo tempo em que ela virou um fenômeno criou-se uma boa taxa de rejeição, e num festival isso aparece. Mas nada demais - foi uma apresentação tranquila, pelo menos na parte que consegui ver.

Mallu Magalhães

Depois fui correndo para o Indie Stage conferir o Animal Collective. Conheço bem pouquinho deles, mas fui atrás dos elogios de amigos e revistas. Aí dei de cara com a grande falha na estrutura do Terra: o som embolado do galpão do Indie Stage. Se o Animal Collective já faz um show esquisito em qualquer lugar, ali ficou realmente difícil entender alguma coisa. A batucada parecia interessante, mas acho que foi mais para fãs do que para quem quisesse conhecer as coisas ali.

Animal Collective

Na sequência vieram os já citados Jesus and Mary Chain, que tocaram quase na mesma hora que os Foals. Conversando antes com o Marcelo do Meiodesligado, achei ousada sua decisão de ficar no Indie Stage nessa hora, mas pela pequena parte que vi dos Foals, fiquei com inveja dele. A banda estava empolgadassa, mexendo as franjas e fazendo as dinâmicas do CD ficarem ainda mais interessantes ao vivo.

Do rock cabeça dos Foals fui direto pro punk juvenil do Offspring. As músicas da banda estão na memória afetiva de quase todas as pessoas ali, mesmo os que não foram para o festival para abrir moshs, e isso foi o trunfo do show. Em várias partes todo mundo cantava junto mesmo sem querer, então foi uma parte divertida, mas também nada mais que isso. Não me lembro de os guitarristas terem cabelos tão lisos e sedosos, mas em compensacão acho que eram mais empolgados lá em 1994. Talvez eu seja exigente ou chato demais, já que eles estão ganhando disparado as enquetes pós-show do site do Terra.

Bloc Party X Breeders foi o maior dilema da minha noite. Ouvir de novo Last Splash (93), dos Breeders, que era um dos meus discos preferidos na época da escola, e pensar no "episódio VMB", que prometia um clima ruim pro Bloc Party, me fez planejar gastar mais tempo com a Kim Deal. Mas foi difícil abandonar o Kele Okereke. As pessoas não estavam muito animadas e o som estava meio baixo. Mas eles jã têm repertório pra tocar uma boa atrás da outra ao vivo, então acabei vendo menos Breeders que eu imaginava.

Bloc Party

O galpão indie estava lotado e o som continuava ruim. Mesmo assim pareceu um momento histórico. Todo mundo cantando junto e a banda parecendo feliz. Peguei o final de "Cannobal", a cover de "Hapiness is a warm gun" e ainda me surpreendi com uma música que achei que não rolaria, "Drivin´ on 9" (do vídeo abaixo), que ficou ótima ao vivo.

Breeders

Depois foi correr pro Kaiser Chiefs e confirmar o saldo positivo do evento. Pelo menos do meu evento - confesso que nem sei em qual dos galpões ficava a tenda eletrônica e não ouvi nem um acorde do Spoon (dizem quem foi ótimo), Curumim e Brothers of Brazil. Aliás, quem chamou Brothers of Brazil?

Leve ressaca

por Rodrigo Ortega

Fotos: Rodrigo Ortega

Sim, o Terra ganhou do Tim. Espaço excelente e bem organizado como o do ano passado e escalação idem. Alguns shows cumpriram menos do que eu esperava, mas o saldo foi positivo. Enquanto a leve ressaca pós-festival não passa, confira aí abaixo dois videozinhos dos shows que mais me animaram neste Terra: o rock cabeçudo e franjudo dos Foals e o pop gringo-empolgado-obrigádou de bochechas rosadas e cofrinho aparecendo dos Kaiser Chiefs.

Kaiser Chiefs

Foals

Volta aí depois.

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