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Um disco para chamar de meu

31.10.09

por Mariana Marques

Kings of Convenience - Declaration of Dependence

(2009)

Top 3: “Boat Behindâ€, “Freedom and its owner†e “Power of not knowingâ€.

Princípio Ativo:
Simplicidade

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Em meio ao turbilhão de decisões profissionais e remendos do coração, a gente acaba complicando ainda mais a vida porque ansiamos loucamente por independência. A gente reclama da falta de dinheiro, de ainda morar com os pais, de ter perdido aquele que achávamos ser o amor de nossas vida. E a gente reclama também porque as bandas não trazem novidades, não fazem discos geniais, não inventam a roda de novo. E aí fica difícil perceber que a tranquilidade pode ser encontrada justamente no oposto disso: na declaração da dependência e em um disco tão bonito e simples como este novo do Kings of Convenience.

A dupla da Noruega apresenta o mesmo folk-bossa-nova do anterior Riot on an Empty Street. Os arranjos continuam bem parecidos, com violão, ukelele, violino e piano, acompanhados pelos vocais calmos e sobrepostos de Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe. Das treze canções, pelo menos uma terá nas letras um tema que fará com que a gente fale “é a minha músicaâ€. Isso pode ocorrer ao lembrarmos de um relacionamento de idas e vindas (“Boat Behindâ€) ou ao constatarmos que nos sentimos vulneráveis perto de algumas pessoas (“Mrs Coldâ€).

E não precisa ter o coração partido ou necessariamente ter lembranças tristes para se identificar com Declaration of Dependence. “Freedom and its owner†fala da liberdade (que a gente tanto almeja e nos frustamos porque achamos que nunca vamos alcançá-la) de uma forma não ansiosa. A canção nos ensina que “freedom is never greater than its owner†e que “no view is wider than the eyeâ€. “Power of not knowing†segue a mesma linha “pra acalmar o coraçãoâ€. Enquanto o violão é dedilhado, Erlend e Eirik cantam (para mim): “Our bigger blessing, girl/ Is being young/ The power of not knowing/ Where you belongâ€.

E aí a gente para de reclamar e agradece por existir um disco tão melancolicamente bonito como Declaration of Dependence, desses que a gente escuta sem se preocupar com o tic tac do relógio. Não é preciso descobrir a pólvora para ser um disco bom. Basta falar de forma bonita dessas coisas como amor, liberdade e independência. Pensando bem, isso é sim genial.

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