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O jornalista e o louco

14.12.09

por Renné França

O solista

(The soloist, EUA/Reino Unido /França, 2009)

Dir.: Joe Wright
Elenco: Robert Downey Jr., Jamie Foxx, Catherine Keener, Tom Hollander, Lisa Gay Hamilton, Nelsan Ellis

Princípio Ativo:
tripé dourado

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História real de artista/gênio que sucumbe à loucura. Jornalista sem inspiração encontra a história de sua vida por acaso. É. Eu sei. Parece mais do mesmo. Mas “O Solista†consegue se destacar um pouco, apesar de estar longe de ser uma obra memorável, graças ao tripé Robert Downey Jr. - Jamie Foxx – Joe Wright.

O primeiro foge do engraçadinho irresponsável que ele vem fazendo desde a ressurreição da sua carreira com “Homem de Ferroâ€. No jornalista Steve Lopez do Los Angeles Times, que descobre em um violinista de rua um talento extraordinário, Downey Jr. entrega um personagem complexo em sua quixotesca luta por trazer a sanidade de volta ao protagonista de suas colunas.

No duelo de interpretações, Foxx tem muito mais material para demonstrar seu talento (apesar de em alguns momentos passar um pouco da conta), fazendo do esquizofrênico Nathaniel Ayers um trágico morador de rua que não conseguiu controlar a própria mente em seu amor pela música.

E se “O Solista†não é simplesmente uma derivação de “Uma Mente Brilhanteâ€, é graças à direção de Joe Wright. Depois do extraordinário “Desejo e Reparaçãoâ€, o diretor faz seu primeiro filme contemporâneo, mas mantém o clima épico e os personagens maiores do que a vida. O resultado é um filme grandioso e, se Wright não reinventa a roda, cria planos interessantes para contar sua história – com a ajuda do seu diretor de fotografia, e parceiro usual, Seamus McGarvey. Repetindo a força dramática do plano-sequência na praia de seu último filme, ele faz aqui outra cena sem cortes que demonstra o horror de dormir na rua, onde nem mesmo as maiores orações podem trazer paz. Outro momento que se destaca é a belíssima transformação da mente de Nathaniel em imagens, ao absorver a música que ouve.

Feito com cara de Oscar, “O Solista†não vai entrar para a história do cinema, mas é uma poderosa narrativa sobre a incessante luta entre a genialidade e a loucura. E é também mais uma prova de resultado que não fica a altura dos talentos envolvidos, apesar deles serem o que de melhor o filme tem. Resumindo, é um drama bem feito com alguns momentos inspirados. O que, em se tratando de Hollywood, já está bom demais.

Mais pílulas:
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Eles podiam estar roubando. Podiam estar matando. Mas só estão correndo honestamente atrás do Oscar.

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