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O teste do segundo

15.07.05

por Rodrigo Ortega

Audioslave - Out Of Exile

(Universal, 2005)

Top 3: “Be Yourself", "Your time has come" e "Drown me slowly".

Princípio Ativo:
Cornell contido e Morello louco

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Caça-níquel é um adjetivo cada vez menos adequado ao Audioslave. Muita gente achou picaretagem a união do ex-vocalista do Soundgarden, Chris Cornell, com os ex-Rage Against the Machine, Tom Morello (guitarra), Tim Commerford (baixo) e Brad Wilk (bateria). O disco de estréia, de 2002, vendeu mais de cinco milhões de cópias. O novo, Out of Exile, tem o mesmo potencial e já estreou no número um da Billboard. A vantagem é que a banda soa cada vez menos como Chris cantando no videokê com bases gravadas pelo Rage.

As músicas os afastam dos fantasmas de suas ex-bandas, mas as raízes de combate político não foram esquecidas. O Audioslave foi a primeira banda de rock dos EUA a fazer um show sob as barbas de Fidel Castro. No último dia seis de maio eles tocaram para 60 mil pessoas na Tribuna Antimperialista José Martí, em Havana. Tom Morello resumiu a história com uma frase ótima: “O embargo de rock’n roll acabouâ€.

Os isqueiros dos charutos devem ter acendido em "Be Yourself", primeiro single de Out of Exile. A dinâmica da música é inesperada, mais simples e leve. Chega a lembrar U2. O segundo single é "Your Time Has Come", que começa com riff estranho e logo chega à quebradeira. O vocal de Chris Cornell está mais grave. Vai ter ouvinte desavisado achando que é a nova do Pearl Jam.

O som redondinho é comandado pelo super-produtor Rick Rubin (Beastie Boys, Shakira, System of a Down, Linkin Park). As composições são boas mas em geral não há grandes destaques. Mesmo assim dá pra ouvir o disco inteiro numa boa, pois as dinâmicas são bem variadas, coisa difícil de se encontrar entre os últimos lançamentos mais comentados.

As guitarras acústicas e versos surpreendentemente doces de “Doesn’t remind me†são seguidas pela rispidez de “Drown me slowlyâ€, a mais Soundgarden do disco. A balada “Heaven’s Dead†pode ser uma “Like a Stoneâ€, hit do primeiro disco. São boas também as quase-baladas “Yesterday to tomorrow†e “The curseâ€.

Os solos virtuosos de Tom Morello em quase metade das músicas tiram pontos de Out of Exile. Muito mais legal quando ele faz suas imitações de scratches e barulhinhos diversos. Em “Man or animalâ€, ele raspa as cordas imitando o grunhido de um porco e faz os sons mais loucos. Na primeira vez que ouvi, cheguei a pensar: “Nossa, ele fez direitinho uma sirene de polícia agoraâ€. Mas era uma viatura que estava passando na porta da minha casa mesmo.

Cornell em Havana, acabando com o embargo de rock'n roll

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