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Oh, o fantástico mundo...

22.03.06

por Marcelo Santiago

The Flaming Lips – At War With The Mystics

(Warner, 2006)

Top 3: “It Overtakes Me / The Stars Are So Big...â€, “The Yeah Yeah Yeah Songâ€, “The W.A.N.D.â€

Princípio Ativo:
Freak pop

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Desenhos animados (e alguns games) têm clara conexão com as drogas. Qualquer pessoa de bom senso percebe que aquele alucinado pica-pau de cabelo vermelho usa anfetaminas. É óbvio que o “inocente†Tio Ted é um ex-hippie traficante e seu sobrinho Bob tem viagens tomando os ácidos que o titio esconde na gaveta (“oh, o fantástico mundo...â€). E os irmãos bigodudos mais famosos do Super Nintendo não vivem sem um cogumelo (literalmente).

Aceitando-se esta verdade, At War With The Mystics, novo álbum dos norte-americanos do The Flaming Lips, é a trilha perfeita para as aventuras “alucinadas†destes personagens. Ainda mais considerando que a banda coloca dezenas de pessoas vestidas de bichinhos de pelúcia no palco e o vocalista, Wayne Coyne, tem uma arma de serpentina, anda sobre a platéia dentro de uma bolha de plástico e fez um filme chamado “Christmas On Marsâ€.

Mais animado e rocker que os dois álbuns antecessores, The Soft Bulletin (1999) e Yoshimi Battles The Pink Robots (2002), At War With The Mystics traz, como de costume, muita esquisitice, barulhos indecifráveis, sons que parecem vir de brinquedos (e talvez realmente venham) e letras estranhas. Mas não espere um Kid A da banda. Ao mesmo tempo em que soam experimentais e fazem algo novo, estão sempre acompanhados de belas melodias.

Logo na abertura, com “The Yeah Yeah Yeah Song†seu rosto se contorce e você pensa ter baixado um arquivo corrompido, mas essa impressão vai logo pelos ares assim que os gritos afetados de Wayne Coyne dão lugar a uma bela melodia pop e você se vê batendo o pé e balançando a cabeça, acompanhando a guitarra saturada de phaser do refrão.

A faixa seguinte, “Free Radicals (A Hallucination Of The Christmas Skeleton Pleading With A Suicide Bomber)â€, além de ter um ótimo nome, é pura subversão do rock setentista, inspirada em um sonho (ou pesadelo) de Wayne com o hippie de boutique Devendra Banhardt e homens-bomba. Seguem a animadinha “The Sound Of Failure / It's Dark...Is It Always This Dark??†e a calma “My Cosmic Autumn Rebellionâ€.

O álbum inteiro tem esta lógica, alternando momentos mais calmos, de psicodelia space rocker progressiva (uh!) com músicas mais animadas. Freak pop seria a única classificação cabível ao álbum. Afinal, o que combina mais com músicas como “It Overtakes Me / The Stars Are So Big...I Am So Small...Do I Stand A Chance?†e “The W.A.N.D. (The Will Always Negates Defeat)â€, ambas pop na essência, mas imersas em um caldeirão de aberrações sonoras? Freak pop. Ou melhor, freak “popâ€.

Com lançamento marcado para três de abril, At War With The Mystics revela uma banda coesa e preparada, buscando se divertir, explorando tudo que tem ao seu alcance para alcançar seu objetivo. Vida longa ao freak pop.

Wayne Coyne abandona a arma de serpentina para segurar a guitarra

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