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Mulheres em conflito

05.08.06

por Braulio Lorentz

Free Zone

(Free Zone, Israel/Bélgica/Espanha/França, 2005)

Dir: Amos Gitai
Elenco: Hanna Laszlo, Natalie Portman, Hiam Abbas

Princípio Ativo:
Hanna, Rebecca e Leila

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No cartaz, três mulheres diferentes olham para a mesma direção: Hanna (Hanna Laszlo, que pelo papel ganhou o prêmio de melhor atriz no Cannes de 2005), Rebecca (Natalie Portman, ai ai) e Leila (Hiam Abbass). Em vez de atentados e escombros piscando na telinha, o que se vê no telão é outra história. Saem os ataques de homens-bomba, entram os ataques de mulheres que choram, gritam, convivem, enfim, agem como mulheres.

Em entrevistas, o diretor e roteirista israelense Amos Gitai costuma comentar que o enredo do filme é baseado em uma experiência que ele viveu. A maior adaptação foi trocar homens por mulheres, pois elas seriam a melhor forma de se aproximar da paz na região.

Gitai não tem pressa e enche o filme de planos-seqüência, como já havia feito em Alila (2003), a começar pelo choro de Portman na cena de abertura, com duração de cerca de cinco minutos. Em outra direção, Hanna – a personagem, não a atriz – tem toda a pressa do mundo. Ela é motorista de táxi e está acompanhada de uma passageira americana (Portman).

A dupla precisa completar uma viagem que dura algo em torno de oito horas, de Israel até a zona franca da Jordânia, a tal Free Zone que dá nome ao filme. Hanna tem que acertar contas com a sócia Leila. Rebecca viaja por não ter nada melhor para fazer, já que brigou com o noivo durante o passeio turístico pelo Oriente Médio.

Durante a viagem rumo à Free Zone, o diretor convida o espectador a ver outros filmes para o tempo na estrada passar mais rápido. Enquanto Rebecca fala bastante e pergunta “Tá chegando?â€, Gitai brinca com as camadas de imagem. A viagem, que estava bem tranqüila, de repente deixa a sensação de que seria bom ter um dramin® no bolso. Com ou sem medicamentos, dá um certo enjôo ver as sobreposições de histórias anteriores, importantes para o entendimento da trama, às imagens do percurso feito pelas duas mulheres.

Durante toda a película prevalece a sutileza em falar sobre conflitos políticos por meio de conflitos do cotidiano do trio de mulheres. Porém, Gitai abre mais o jogo ao final da sessão. Leila e Hanna começam a discutir dentro do carro sobre a tal dívida. Anoitece, e elas continuam. Toca uma música, e elas estão lá. Começam a aparecer alguns créditos, e elas ainda estão discutindo, entre alguns poucos tapas e safanões. O filme acaba, mas a discussão não. Não tinha como ser mais claro.

Pra quem não entendeu o ai ai... Ai ai...

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