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Fabrico vergonha em rolo. Pergunte-me como.

08.08.06

por Rodrigo Campanella

Assombração

(Re-cycle, Hong Kong, 2006)

Dir.: Danny Pang e Oxide Pang Chun (Irmãos Pang)
Elenco: Angelica Lee Singe , Siu-Ming Lau, Qiqi Zeng, Lawrence Chou

Princípio Ativo:
esconder atrás da porta

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“Assombração†não teve entrevistas de lançamento para o Brasil. Mas bem que poderia ter sido assim:

Repórter – Para começar, qual a impressão de vocês ao ver o filme pronto?
Irmãos Pang – (silêncio) Acho honesto deixar claro que nós compreendemos que esse projeto é um fracasso. Tentamos não lançá-lo nos cinemas, mas havia muito dinheiro investido.
- Quer dizer que aquelas elevações repentinas de volume (ZIMMM, TAMMM) não são defeitos da mesa de som que vocês usaram e sim remendos para tentar causar medo?
- Medo não, sustos. E esse recurso funciona quando a idéia gera alguma tensão, como em Espíritos. No nosso caso foi desespero mesmo.
- Existe tensão no início. Aquele plano fechado onde a escritora olha fixamente para algo no apartamento que o espectador ainda não vê é aterrador.
- Exato. Mas quando vimos o filme todo, tentamos até transformá-lo em uma comédia, para salvar o material. Comédia com sustos. Mas não havia cenas gravadas o suficiente para a mudança.
- Talvez venha daí a piada que é a trilha dramática, pra não falar das reações da protagonista. É um trash real, involuntário.
- Preferimos não comentar.
- Mas havia um roteiro para o filme?
- Sim. Na verdade, o filme é um laboratório de idéias que iremos trabalhar melhor em nossos próximos projetos.
-Isso não é uma desculpa inventada agora?
- (silêncio) Sim.
- Aquele parque de diversões no piloto automático, com todos os brinquedos entulhados num pátio não parece a vocês uma boa metáfora para o filme?
- Nossa intenção era criar um mundo maior que a tela, que excedesse o cinema.
- Com efeitos de Photoshop tão vagabundos?
- (irritados) Havia a intenção de dar à história um aspecto pulp, mal-acabado.
- Ah, como quando no meio do filme a protagonista inventa que sempre acreditou num “mundo espiritual do abandonoâ€, mesmo sem ter dito uma palavra sobre isso até ali?
- Onde você quer chegar?
- Meus Deus, precisava de uma idéia tão estapafúrdia – e sub-aproveitada - como aquela da “reciclagem�
- Foi um recurso-curinga. Você pode perceber que quando o roteiro fica sem saída, vem a nuvem de reciclagem.
- Outro efeito gráfico de quinta... Sem comentar o útero... Mas, enfim, com uma idéia bem interessante e uma execução visual tão ruim, por que usar ainda por cima uma escritora tão mal-desenvolvida como protagonista?
- A idéia era que o mundo criado fosse maior que o escritor. Fizemos uma ode ao trabalho da escrita.
- Afinal, por que vocês não escreveram um livro?
- É a nossa pergunta também.

Um dos personagens mais coesos do filme é esse aí: a roda-gigante.

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