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De farofa a sopa aguada

20.01.07

por Rodrigo Ortega

Tihuana - Um Dia de Cada Vez

(Universal, 2006)

Top 3: “Na parede do quintalâ€, “Liberdade não faz mal a ninguémâ€, “Só uma cançãoâ€.

Princípio Ativo:
Nenhum

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Prezada Suellen,

Gostei da sua resenha do último disco da Kelly Key. Achei legal a conclusão de que "este não é um CD para ser levado a sério", sem que isto seja necessariamente um demérito para a cantora. Também sou total a favor de se divertir com a falta de noção da ex do Latino e de outras pessoas (inclusive o maluco que deu 90º para o disco anterior dela e 80º pra uns boyzinhos que passaram pelo Big Brother esses dias).

Já que o tema da conversa é falta de noção, o que dizer de uma banda que surgiu das cinzas do Ostheobaldo e rodou o país cantando versos como “eu tô chapado / eu tô chapadão / então pula, pula, filha da pula†ou “tropa de elite, osso duro de roer / pega um, pega geral, também vai pegar vocêâ€? Quando eu coloquei este 5º álbum do Tihuana pra escutar, imaginei que seria mais um típico caso de disco “para rir com o ouvido cheio de farofaâ€.

Mas eu estava errado. Um Dia de Cada Vez é o oposto do que falamos antes: um CD que tenta ser levado a sério. O vocalista Egypcio (pelo menos do nome ainda podemos rir) agora quer cantar músicas mais “adultasâ€. Já não se encontram no mercado farofas crocantes como antigamente (ok, eu sei que se encontram, mas achei que esta era uma frase boa de escrever).

A voz de Egypcio (hahaha) chega a lembrar a de Samuel Rosa. Coloque uma franja e uma costeleta em “Ela se foi†e a música do Tihuana passa disfarçada tranquilamente no meio de um disco do Skank. Tudo bem, todo disco tem o direito de ter a sua semi-balada insossa que foi produzida com o máximo de esforço, mas no final não teve graça nenhuma. O triste é quando o disco inteiro é assim.

Todas as músicas poderiam tocar naquelas partes de Malhação, entre uma cena e outra, quando eles mostram umas imagens de pessoas do nada na praia e um surfista qualquer pegando onda. “Na parede do quintal†é a primeira música de trabalho e deve convencer os programadores de rádio mais preguiçosos. Várias outras faixas podem cumprir esta tarefa, então não é o caso de dizer que o produtor Rick Bonadio errou. Foi pior: ele fez exatamente o que deveria.

Na linha politicamente correta do hit do disco anterior, “Renataâ€, que versa contra a prostituição infantil, eles cantam letras como "No meio do caos não é difícil ver / milhares de pessoas se ajudando para sobreviver", em “No meio do caosâ€, e "Vamos acender uma fogueira pro ideal de igualdade. / Vamos resistir e viver, ser livres sem querer, assim como eu e você", em “O fogoâ€. Se Egypcio quer salvar o planeta com músicas chatas assim, que a invasão dos bichos de pelúcia alienígenas venha logo.

Abraços,

Ortega

A tropa de elite quer ser levada a sério agora

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