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Save the girl, save the world!

08.06.07

por Igor Costoli

O Hospedeiro

(Gwoemul, 2006)

Dir.: Bong Joon-ho
Elenco: Song Kang-ho, Byeon Hie-bong, Park Hae-il, Bae Du-na, Ko Ah-sung

Princípio Ativo:
Cinemão com traço autoral?! Isso é uma monstruosidade!

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À porta do cinema:

- E aí, gostou?
- Não sei. Eu sei que o filme é bom, mas eu não sei se eu sei assistir a esse filme. E você?
- Gostei, mas isso não quer dizer que eu saiba...


O 'fazer cinema' não é igual no mundo inteiro, e isso é ótimo. Mas quando uma forma de se fazer cinema consegue ser tão forte a ponto de, por vezes, ser considerada a forma certa, o exercício de assistir a um filme que venha da Europa ou da Ãsia torna-se uma experiência de percepção.

- Imagine o que esse filme seria com mais dinheiro.
- Não, ele é ótimo justamente por fazer milagre com o que tem.


O rio Han, na Coréia do Sul, é palco da aparição de um monstro mutante faminto. Entre os levados pelo monstro está a pequena Hyun-seo (a fofíssima Ko Ah-sung), que é dada como morta. Seus familiares são recolhidos, já que o monstro é o hospedeiro de um vírus que se mostra fatal, e todos os que tiveram contato direto ou indireto viraram caso de segurança nacional. Entretanto, a garota está viva e sua família parte numa aventura solitária.

- E não é um filme de sustos. É um filme de monstro!

A área do rio Han está isolada, e é preciso atravessar o cerco para encontrar Hyun-seo. Além disso, seu pai (um adulto imaturo), seu avô (dono de uma barraca à margem do rio), e seus tios (uma arqueira da equipe olímpica coreana e um desempregado) são procurados pela polícia. Onde haveria apenas mais uma história de aventura, entra a mão do diretor Bong Joon-ho para conduzir um filme que pode ser tudo, menos “apenas mais umâ€.

- Ainda assim, na cena da (...) eu tomei um susto que não me lembro de já ter tomado num cinema.
- Aquela cena é fantástica, entre outras, filmadas com tanto cuidado...


Joon-ho (não confundir com John Woo) tem a competência de fazer um longa que escapa aos clichês do gênero. As cenas de ação combinam ótimos efeitos com o elemento que o diretor quis incluir, fosse o drama, a tensão ou o humor. Estes três elementos estão espalhados ao longo do filme, que ainda tem o mérito de fazer duas ótimas críticas, que se resumem pelo início e o final do longa. Na primeira seqüência do filme, um militar americano ordena o despejo de uma enorme quantidade de substância tóxica no rio Han. O monstro (ressalte-se: fantástico nos seus movimentos) nasce de uma imprudência, que mais tarde ainda evidenciará o caráter submisso da Coréia frente os vizinhos de Pacífico. E no final...

- E apesar de ser um roteiro, tão redondo, tão plausível, a nos lembrar o tempo inteiro que é uma fantasia. Como na seqüência da garrafa...
- ...aquela cena, a trilha, a idéia...
- E o filme é aquilo, o cara vai (...) e você fica esperando que aconteça, e o diretor te quebra...
- ...de novo!
- Como no filme inteiro! Quebra de expectativa é o nome desse filme. E isso é ótimo!

"Run, Hyun-seo, run!"

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