Três mil filmes, setecentas salas de exibição e oitocentos milhões de cariocas e turistas prontos pra rir de qualquer cena mais-ou-menos. Na insanidade do Festival do Rio 2010, o Pílula Pop, sem editor de cinema, sem credencial e sem programação, arrisca suas impressões.
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Além da Estrada foi o primeiro filme a ser apresentado da competição de ficção da Premiere Brasil do festival. O diretor, o carioca Charly Braun, é estreante em longa, mas já tinha ganhado o prêmio de melhor curta do Festival do Rio de 2004 com Quero Ser Jack White. O caseiro porém simpático curta (dá pra ver ele inteiro aí embaixo) foi o que me fez interessar pelo outro filme de Charly.
Além da Estrada é um documentário, um ensaio fotográfico e uma historinha de amor. O primeiro é interessante, às vezes com um olhar tão comtemplativo que distrai as pálpebras e convida a um bom soninho. O segundo é bonito, muderno daquele jeito meio estourado e errado que vemos nos blogs de pessoas mais cool que a gente. A terceira é a melhor e principal parte: bons diálogos, drama sem mimimi e romance sem excesso de açúcar.
É um puro road movie, em que o argentino Santiago (Esteban Feune) desbrava o interior do Uruguai em busca de um terreno deixado pelos pais, mortos em um acidente. No caminho ele encontra a bela Juliette (Jill Mulleady), que também fazia o mesmo caminho à procura de um antigo caso.
Os personagens que eles encontram pelo caminho são quase todas pessoas reais fazendo os papéis delas mesmas (por isso o filme é meio documentário) junto dos belos registros do interior uruguaio (por isso é ensaio fotográfico). Duas duplas de atores se destacam no “núcleo ficcional” do filme.
A primeira é do tipo completamente-nadaver: Guilhermina Guinle (sim, a socialite) e Naomi Campbell (sim, a atriz/mafiosa dos diamantes). Explica-se: Guilhermina é irmã do diretor e amiga de Naomi. No meio de semi-atores, a aparição delas acaba até sendo engraçada, ou pelo menos não compromete o filme.
A segunda dupla é o casal de protagonistas Esteban Feune e Jill Mulleady, também estreantes em longa. Jovens e bonitos, no mínimo ajudariam a compor as bucólicas paisagens uruguaias. Mas acabam fazendo um ótimo trabalho dão ainda mais destaque a um filme cheio de promessas.