Comer, Rezar, Amar


Nossa avaliação
Eat Pray Love (2010)
Eat Pray Love poster Direção: Ryan Murphy
Elenco: Julia Roberts, I. Gusti Ayu Puspawati, Hadi Subiyanto, Billy Crudup


A princípio, Julia Roberts parece a escolha ideal para protagonizar um filme chamado “Comer, Rezar, Amar”. Isso porque, com uma boca daquele tamanho, a atriz parece ter o atributo necessário para aproveitar ao máximo as três ações do título (e por amar, estou me referindo a beijo. Pervertidos).

Só que apesar de estar bem no papel, sua aura de estrela acaba atrapalhando a identificação com a “mulher comum”, que é de quem fala o livro homônimo escrito por Elizabeth Gilbert a partir de suas memórias reais. Funcionando como uma espécie de road-movie-de-auto-ajuda-feminino, o longa narra como Liz (Roberts) sai de um casamento fracassado para uma jornada de autoconhecimento passando por Itália, Índia e Bali. Tudo para redescobrir o que é ter gosto pela vida.


Comida

Há que se admitir que o diretor Ryan Murphy (criador de “Nip/Tuck” e “Glee”) sabe filmar pratos de comida. Ele usa bem as cores e texturas da culinária italiana para representar o prazer de Liz, em contraposição ao tom cinzento de sua vida em Nova Iorque. Pena que não saiba fazer o mesmo com as pessoas. Os personagens caricatos e estereotipados até são divertidos em determinados momentos, mas o exagero no italian way of life acaba cansando.

A espiritualidade que a protagonista busca na Índia é responsável pelo momento mais tedioso do filme. Longe de emocionar ou nos fazer refletir, as cenas são monótonas, a história não se desenvolve e passa a impressão de que aquela viagem já está durando demais. A quebra brusca de ritmo da vida hedonista italiana para a iluminação hinduísta breca o longa e te dá vontade de fazer o mesmo que Liz durante um momento de meditação: dormir.

Amor

E se Deus não é brasileiro, pelo menos Javier Bardem finge ser. O ator espanhol é Felipe, o homem (que pode ser) responsável pela última redescoberta na jornada da protagonista. Enquanto murmura uma ou outra palavra em português, o ator até engana, mas basta dizer a primeira frase completa para que seu personagem caia no ridículo para a plateia tupiniquim. Apesar disso, é em Bali que o filme retorna um pouco ao eixo original, conseguindo ser engraçado ao mesmo tempo em que cria empatia pelos personagens.

“Comer, Rezar, Amar” é divertido e conta com belas paisagens e um elenco lotado de rostos conhecidos. Mas está longe de produzir no público a mesma transformação pela qual passa sua protagonista. É como um bonito prato de comida que falta tempero. E no caso não foi Sazon (ou melhor, amor) o que faltou. Foi emoção. E a boca grande de uma estrela não é suficiente para despertar isso no público.


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