Eu e meu guarda-chuva


Me and My Umbrella (2010)
Me and My Umbrella poster Direção: Toni Vanzolini
Elenco: Paolla Oliveira, Leandro Hassum, Lucas Cotrim, Daniel Dantas


Os obcecados por cultura pop (sim, estou olhando para você) enxergarão três referências pop básicas em “Eu e meu guarda-chuva”:

Harry Potter
É a mais óbvia de todas. Não precisa ser nenhum obcecado para tachar o filme de “Potter brasileiro”.Três pré-adolescentes às vésperas do início das aulas se envolvem em uma confusão, entre o mundo mágico e o real, no colégio antigo e assombrado onde vão estudar. Eugênio é o líder meio nerd; Cebola, o alívio cômico; Frida, charmosa e corajosa.

O filme de Toni Vanzolini (estreando na direção de longas) não chega nem perto do festival de efeitos especiais da série do bruxinho inglês. Eles são muito poucos – e não fazem falta. A produção se apoia mais na fotografia e direção de arte e se resolve bem com elas.

O problema na comparação está nos personagens. Lucas, o protagonista, é o único mais desenvolvido dos três. Cebola serve apenas para piadas do naipe “Turma do Didi” que só funcionarão com crianças (e olhe lá). E Frida, espevitada no início, acaba desaparecendo durante a história, transformando-se em mais uma mocinha sequestrada pelo vilão, esperando para ser salva pelo herói. Mais que isso, a amizade do trio, foco na saga de JK Rowling, é preterida aqui em favor de um romance bonitinho, mas bobinho – algo questionável em vários níveis.

A Origem
Acredite ou não, “Eu e meu guarda-chuva”, baseado no livro do titã Branco Mello de 2001, passa-se em um sonho dentro de um sonho. Com paradoxos espaço-temporais e tudo. Não é nenhum spoiler, já que Vanzolini deixa isso BEM claro desde o início, com várias dicas nada sutis para o espectador.

O principal objetivo do recurso é levar Eugênio e Cebola para Praga. O que no livro pode ser um toque surreal interessante, no filme é algo solto e que parece apenas uma forçada de barra para mostrar locações bonitas. Aliás, a Praga do longa é aquela da mente de um menino de 11 anos: uma sequência de praças e prédios enormes e antigos. Apropriado, mas inevitavelmente pobre.

Umbrella
A questão de Praga é apenas um sintoma do principal problema de “Eu e meu guarda-chuva”: o raquitismo da trama. Vanzolini e seus co-roteiristas parecem sofrer para preencher 80 minutos de filme, alongando uma situação que, como contada, parece mais adequada para um curta. A umbrella-ella-ella do título nunca justifica sua presença ali. É um mero objeto que, no máximo, lembra Eugênio do avô recém-falecido – história promissora que não é aproveitada.

A mão de Adriana Falcão no roteiro garante alguns diálogos acima da média para o gênero, mas nada que permita ao filme expandir sua mira para além do público infanto-juvenil. Os adultos ficarão ali deslocados, como quem levou a umbrella-ella-ella, mas não choveu.

 


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