Mais uma semana se passou e, com o natal chegando, os três heróis mais populares de todos os tempos resolvem se destacar, como aqueles parentes de quem você não houve notícias há tempos, mas que começam a ligar no final do ano, na esperança de serem convidados para a ceia e para o amigo oculto.
Tron-Aranha
O título que encabeça a lista de hoje é “Amazing Spider-Man” #650, que ganha de presente a sua terceira menção seguida nesta coluna. Que isso sirva de testemunho da qualidade da revista do Aranha desde que foi assumida pelo roteirista Dan Slott. Nesta edição, o herói enfrenta o novo Duende Macabro e descobre as vantagens e desvantagens de ter um punhado de novos amigos gênios: por um lado, eles ajudam a derrotar os vilões (usado um i-Phone e uma canção da Lady Gaga), mas por outro, dificultam a vida de alguém que tem uma identidade secreta…
O grande chamativo da edição é a estréia do novo traje do Aranha, fabricado por ele com os novos recursos do seu emprego nos laboratórios Horizon. Ao que parece, Peter Parker ficou empolgado com “Tron: O Legado” e nem esperou o natal para se presentear com um colante cheio de linhas neon. Se você achou a roupa brega, não se assuste! O traje não é um substituto para o colante tradicional, mas sim um daqueles trajes alternativos que o Batman costuma usar (Bat-mergulhador, Bat-astronauta, Bat-mímico, sei lá).
Trata-se de um traje furtivo, construído com tecnologia capaz de desviar ondas sonoras e luminosas, servindo não apenas como defesa contra os ataques sônicos do novo Duende, como também tornando o usuário invisível e inaudível (alguém já ouviu um super herói se gabar de ter o poder da “inaudibilidade”?).
Super exclusivo
É bem provável que você tenha ouvido algo sobre a saga “Grounded”, em que o Superman, após ter passado uma temporada fora da Terra e se sentir meio “desligado” da humanidade, resolve sair caminhando pelos EUA. Isso porque, embora a saga seja uma das coisas mais maçantes já publicadas em um título do homem de aço, ela pelo menos serviu ao propósito de atrair a atenção da mídia. Com o roteirista J. Michael Straczynski largando a saga pela metade e a editora ralando pra achar um substituto, o título vem apresentando histórias tapa-buraco que acabam facilmente sendo melhores que a história interrompida.
Em “Superman” #706 o foco vai para o editor-chefe do Planeta Diário, Perry White, que tem de lidar com a competição com um blog sensacionalista e as acusações de favorecimento por parte do Superman. Acontece que alguém finalmente percebeu que o último filho de Krypton só dá entrevistas para a Lois Lane, e chegou à conclusão óbvia de que os dois tem um caso!
O resultado é um ótimo exame da personalidade do Sr. White, apresentado como um homem extremamente ético, mas que não hesitaria em abusar de sua influência para proteger seus repórteres. Se há um problema com a edição, é o fato de que, resolvida a crise, o problema que a causou não é abordado. Teria sido um final mais satisfatório ouvir uma bronca do editor em Lois: “se vai trair o pobre do Clark, pelo menos seja mais discreta!”
Ex psicopata
Em “Batman and Robin” #18, o roteirista convidado Paul Cornell (o mesmo de “Action Comics”) faz algo que pouquíssimos escritores do Batman ousam: criar um novo vilão. E Cornell parece ter uma boa noção da receita para a criação de inimigos para o homem-morcego.
Ausência é uma ex-namorada de Bruce Wayne, assassinada com um tiro na cabeça durante o assalto a um iate em Gotham. O detalhe é que a garota não morreu, pois sofria de uma rara condição chamada Síndrome de Dandy-Walker, uma malformação congênita do cérebro que resulta, quase literalmente, em uma cabeça oca, com “processos conscientes totalmente funcionais sendo mantidos por uma fina camada de massa cinzenta”. Assim, com um buraco na cabeça e oxigênio entrando diretamente em seu cérebro deixando-a mais inteligente (pra não dizer, meio psicopata), a garota jura vingança à família e aos entes queridos ao perceber que ninguém havia sentido a sua falta.
Aí entram Batman e Robin (mais especificamente, Dick Grayson e Damian Wayne), decididos a poupar seu “patrão” do caso, convencidos de que Bruce irá se sentir responsável pela condição da garota.