A segunda semana de dezembro foi bem movimentada no mundo das HQs americanas, mas poucos lançamentos ultrapassaram um nível medíocre. Destes, vale mencionar “Avengers Academy #23”, “The Walking Dead #92”, “Batwoman #4” e “Green Lantern #4”, mas não vale entrar em detalhes porque são todos títulos que têm mostrado consistentemente uma boa qualidade.
Se há uma surpresa positiva, é “The Ray #1”, primeira edição da minissérie que marca a estréia de um novo herói no universo DC. Esta é a quarta versão do “Ray”, mas não requer nenhum conhecimento prévio, já que as únicas semelhanças que tem com seus predecessores são os poderes luminosos e o nome. Este Ray é Lucien Gates, um coreano adotado por pais hippies americanos que trabalha como salva-vidas em Miami e é transformado em um ser de energia ao ser atingido por uma “arma solar” experimental.
Em geral, revistas tão cheias de recordatórios explicativos quanto “The Ray #1” são chatas de ler, mas os roteiristas Justin Gray e Jimmy Palmiotti conferem a Lucien uma “voz” tão simpática que o excesso de textos acaba tendo um resultado positivo, permitindo que os autores consigam enfiar mais acontecimentos nas parcas 20 páginas da edição. “The Ray” tem ainda algo de fazer inveja à maioria dos títulos do novo Universo DC: um elenco de personagens secundários únicos e interessantes. Considerando que é a primeira aparição desses personagens, é preciso aplaudir o trabalho da equipe, que inclui também o competente artista Jamal Igle.
Já do lado Marvel, o destaque não é tão positivo. “Avengers: X-Sanction #1” é o ponto de partida da minissérie que marca o retorno de Cable e o melhor que podemos dizer sobre a edição é que ela não é tão ruim quanto a maioria dos títulos escritos por Jeph Loeb na editora. Ok, a arte de Ed McGuiness é ótima, mas como ele só vem trabalhando com Loeb nos últimos anos, seu estilo particular acabou ficando associado com porcarias do tipo “Superman/Batman” e a fase do Hulk Vermelho em “Hulk”.
A trama gira em torno do bom e velho Soldado X, que retorna do futuro mais uma vez com o conhecimento de que os Vingadores serão responsáveis pela morte ou desaparecimento de sua filha adotiva Esperança. Uma vez seu corpo está sendo tomado pelo vírus tecnorgânico contra o qual lutou a vida toda e Cable só tem mais 24 horas de vida, ele resolve partir pro ataque sem checar muito bem as informações, e começa a “eliminar” os Vingadores um a um, começando pelo Falcão e o Capitão América.
“Avengers: X-Sanction” é mais um exemplo do tipo de produção atual da Marvel: crossovers que só servem para preparar caminho para o próximo crossover, e que perdem qualquer senso de novidade pelo fato de que a editora “estraga” o final revelando meses antes aonde a estória vai dar. Já sabemos, então, que essa mini é só um prelúdio descartável da saga “Avengers Versus X-Men”, e que muito provavelmente nada de especialmente relevante irá acontecer nela.