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“Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança” é o segundo filme do herói com cabeça de fósforo. Mas não é uma continuação. E também não é um reboot. É… simplesmente um filme do Motoqueiro Fantasma.
A produção não exclui os acontecimentos do longa de 2007, porém, não se importa nem um pouco com eles. Até a origem do personagem (principalmente a parte do pacto) é alterada. Recontada de maneira bem rápida (com recortes parecendo quadrinhos e artes indie), aqui Johnny Blaze não faz um acordo com Mephisto, e sim com o próprio Capeta em pessoa. Entretanto essa afirmação é contornada quando mencionam que o Diabo “pode ter várias faces e nomes”. E é por isso que aqui ele é interpretado por Ciarán Hinds, sem destaque nenhum.
Em “Espírito de Vingança”, Blaze tem que salvar um garotinho chamado Danny (uma referência a Danny Ketch, o segundo Motoqueiro Fantasma nos quadrinhos), filho do Demônio com Nadya (Violante Placido), uma mulher normal que fez um pacto parecido com o de Johnny. Em troca por sua “missão”, Blaze seria curado de sua maldição. O responsável por apresentar essa possibilidade de cura e por servir de parceiro para o Motoqueiro durante o filme é o padre bêbado Moreau, interpretado por Idris Elba, disparado o melhor ator do filme.
Danny (Fergus Riordan)é perseguido por todos: pelo pai, pelo vilão Blecaute (Johnny Whitworth que está triste de tão ruim), por uma seita de monges que vivem no deserto e têm tatuagem na cara. Mas o final é mais do que previsível e o desfecho da história já fica óbvio no décimo minuto de película.
“Motoqueiro Fantasma: Espírito de Vingança” possui vários pontos positivos, sendo o principal ser melhor do que o filme de 2007 (não fez mais do que obrigação, ficaria surpreso se fosse pior). O efeito da caveira em chamas está muito realista e é cool, enquanto as cenas de ação, apesar de nada originais, conseguem empolgar (obra de Mark Neveldine e Brian Taylor, que utilizaram toda a bagagem de referências a filmes de ação dos anos 90). Com câmeras gravando rente ao chão, o filme destoa e muito do gênero “super-herói” que os fãs estão acostumados. E isso até que é bom. Azar dos ortodoxos. Sem dizer que funciona bem em 3D e se livra dos romances desnecessários, do tom de “Motoqueiro Metaleiro” presente no primeiro filme e de piadas idiotinhas como as jujubas de Johnny e o fascínio por macacos.
O problema é que os pontos negativos se sobrepõem ao que há de bom no filme. Começando pela personalidade do Motoqueiro Fantasma, que virou uma espécie de ser incontrolável e psicótico que acabou de tomar LSD e ficou cheio de tiques nervosos. O filme também ganha um clima de terror que não convence. A ideia de transformar o motoqueiro num “monstro” até que foi boa, mas mal executada. Sem dizer que, se você assistiu aos filmes do Stallone nos anos oitenta e noventa, ou até mesmo ao trailer de o “Espírito de Vingança”, já sabe todas as cenas de ação que aparecem no filme.
Como se isso não bastasse, os diálogos são péssimos. Acredite, dá vontade de apertar o “mute” e ficar vendo apenas a ação cheia de fogo, explosão, tiros de lança foguetes e automóveis demoníacos gigantescos. Blaze está menos palerma do que no primeiro, mas ainda assim os roteiristas não conseguiram achar uma personalidade para ele: não sabem se ele é engraçado, sério, perdido, psicótico ou canastrão, daí vira uma mistura disso tudo, mal interpretado por Nicolas Cage, que até se esforça, mas tanto pela sua limitação quanto pelo mau roteiro não consegue fazer muita coisa para ajudar.
O resultado de tudo isso é um filme de ação sincero. Ponto. Mas isso não o deixa com crédito para uma continuação. “Espírito de Vingança” termina com um gancho tremendo, e se o terceiro seguir a linha mostrada nos últimos minutos, conseguirão afundar a série de vez. O melhor, para o estúdio, o personagem e todos os envolvidos, seria parar por aqui mesmo.