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Uma foto do casamento de Jim e Michelle, a cama balançando, uma música romântica. A câmera sobe e revela a esposa ninando uma criança no colo, enquanto o marido mexe no computador ao lado. A cena de abertura dá o tom do que será “American Pie: O Reencontro”: o humor a partir das expectativas não cumpridas.
A turma do grande sucesso de 1999, que (inspirado por “Porky’s”) abordou a descoberta do sexo na adolescência a partir da vergonha alheia, resolve se reunir em um baile para marcar os anos de formados. Mas óbvio que antes da festa propriamente dita Jim, Oz, Finch, Kevin, e claro, Stifler, vão aprontar momentos constrangedores envolvendo estripulias sexuais.
Você já sabe exatamente o que esperar de um filme desses e é isso o que recebe. “O Reencontro” começa propondo uma liberação sexual total, mas acaba indo em direção ao conservadorismo. No meio do caminho, entretanto, há momentos que nada deixam a dever aos filmes anteriores, tudo regado por uma saudosa trilha pop dos anos 90.
Parte da graça está justamente em já conhecer aquelas pessoas, com todas as suas qualidades e defeitos. Para quem era jovem na época do primeiro filme e hoje divide a mesma idade dos personagens, esta nova produção pode apresentar uma identificação e um interesse maiores: o novo “American Pie” é acima de tudo sobre nostalgia, a saudade da juventude valorizada como a “melhor época de nossas vidas”.
13 anos após o primeiro filme e nove anos depois do último com o elenco original, “O Reencontro” reúne um grupo de atores que à época foram apontados como o futuro de Hollywood. O fato de nenhum deles ter se tornado um grande astro funciona de forma curiosa para o desenvolvimento dramático do filme, que se apoia na ideia de que ninguém se tornou aquilo que sonhava ser durante o colégio.
Expectativas não cumpridas e sonhos abandonados não parecem ser temas de uma comédia, mas o filme consegue usar isso a seu favor para tirar o riso da plateia. No mais, a série segue a mesma fórmula de esquetes constrangedores um após o outro, que não estão ali para fazer a história andar, mas funcionam como uma metralhadora de piadas. Da mesma forma, os personagens não são desenvolvidos como mereciam, oferecendo-nos apenas um vislumbre do que é a vida daqueles homens e mulheres depois de tantos anos.
“American Pie: O Reencontro” é engraçado, ligeiro e conservador (disfarçado de liberal). Ou seja, mantém tudo o que fez o sucesso da trilogia anterior. Mas a grande piada talvez chegue apenas ao final, quando durante os créditos surgem fotografias tiradas daquela turma em 1999. É, o tempo passa…
E é nisso que está a graça de tudo.