O primeiro destaque da segunda semana de abril, em matéria de quadrinhos, vai com certeza para o lançamento de “America’s Got Powers”, o novo título autoral escrito por Jonathan Ross (um apresentador de talk show britânico) e desenhado por Brian Hitch (de “Os Supremos”). A premissa é uma mistura meio clichê de várias “influências”, de “Heroes” a “Jogos Vorazes. O protagonista Tommy Watts é um dentre vários jovens superpoderosos nascidos após a chegada de um misterioso cristal brilhante em São Francisco. Só que, ao invés de lutar contra o crime, os “stoners” (como são chamados) competem entre si no reality show do título, disputando uma vaga no supergrupo “oficial” dos E.U.A.. Muito embora Tommy seja o único “stoner” com nível zero de poder, ele acaba entrando acidentalmente na disputa. O grande destaque vai, é claro, para a arte de Hitch. Muito embora às vezes seja difícil diferenciar um personagem do outro, o estilo do artista confere a “America’s Got Powers” o caráter de um blockbuster cinematográfico de verão.
Ainda no campo das revistas autorais publicadas pela Image, a semana viu também o retorno do título escrito por Brian K. Vaughan (de “Y – O Último Homem”), com “Saga #2”. O universo ficcional criado por Vaughan continua a se desenvolver como uma mistura bizarra e politicamente incorreta de “Star Wars” e “O Senhor dos Anéis”. Mas aqui já podemos notar algumas influências mais cults, com o design de um vilão (ou vilã) que remonta a “O Labirinto do Fauno”, ou a lógica dos poderes mágicos de um dos protagonistas, que parece algo saído da mente de Neil Gaiman. É um título impressionante, mas que ainda não mostrou a que veio.
Por fim, voltando ao gênero “mainstream” dos super-heróis, temos “New Avengers #24”, que serve como um ótimo exemplo da estratégia picareta da Marvel para lucrar em cima do evento “Avengers versus X-Men”. A edição dos “Novos Vingadores”, supostamente relacionada ao crossover, na verdade se passa toda entre uns dois ou três quadrinhos da minissérie, sem avançar em nada a trama. 90% do título consistem em um flashback extremamente “emo”, tratando dos problemas conjugais entre Luke Cage e Jessica Jones. Podem ter certeza que a editora vai lançar uns dez títulos como esse pra cada edição do crossover, desperdiçando o tempo e a grana do leitor que, se for esperto, vai acompanhar só a saga principal. Que por si só, convenhamos, ainda nem fez valer qualquer investimento.