Plano de Fuga


Nossa avaliação

[xrr rating=3.5/5]

O deslocamento é uma das principais situações da comédia: o peixe fora d’água costuma render boas risadas exatamente pelo inusitado da situação.  “Um Convidado Bem Trapalhão”, “Um Príncipe em Nova York”, “Quanto Mais Quente Melhor” são filmes que funcionam a partir da premissa de seus protagonistas em um lugar ao qual não pertencem. E um filme de ação como “Plano de Fuga” fazer uso de uma situação típica da comédia é apenas a primeira boa surpresa do novo filme estrelado, produzido e escrito por Mel Gibson.

O ator faz um homem misterioso, que em momento algum tem seu verdadeiro nome revelado durante a projeção. Fugindo de carro da polícia dos Estados Unidos,ele joga o veículo contra o muro que separa seu país do México, caindo em outra jurisdição. Acaba indo parar em uma prisão mexicana que funciona como uma pequena cidade, com comércio, regalias e chefões locais. Ao mesmo tempo em que tenta sobreviver à nova realidade, tenta bolar um plano para recuperar os milhões de dólares que tinha roubado e que estavam no carro quando foi preso.

A ideia simples é executada de forma enxuta pelo diretor Alan Grunberg, que conduz com eficiência as cenas de ação ao mesmo tempo em que imprime um ritmo constante de humor e violência, lembrando os primeiros – e melhores – filmes do Guy Ritchie. Todos os personagens são caricatos, sejam eles mexicanos ou americanos. Dando um tom acima no foco dos estereótipos, “Plano de Fuga” os desconstrói pelo exagero, rapidamente revelando-se mais uma espécie de fábula farsesca do que qualquer tentativa de um registro realista.

Um luz no fim do túnel de Gibson

Grunberg e o diretor de fotografia Benoît Debie usam a tonalidade sépia aliada à fotografia estourada para mostrar a aridez da região, ao mesmo tempo em que abusam das cores quentes, ressaltando o calor da prisão que a princípio parece um inferno: e é interessante perceber como Gibson passa toda a primeira metade do filme usando uma camisa vermelha (cor quente) para reforçar o desconforto de seu personagem com a situação, mas assim que vai compreendendo o funcionamento do presídio-cidade suas camisas vão aos poucos assumindo tons frios, como azul, cinza e branco.

“Plano de Fuga” foi lançado diretamente em video on demand nos Estados Unidos, uma decisão que está mais ligada às recentes polêmicas com seu protagonista do que às qualidades do filme. Apesar de derrapar no final, investindo em uma previsível subtrama envolvendo um garoto e sua mãe, trata-se de uma produção dinâmica, com boas piadas e ótima ação. É um passatempo bobo e sem maiores ambições a não ser servir de veículo para Mel Gibson provar mais uma vez o carisma que o transformou em um dos maiores astros dos anos 80 e 90. Independente de suas ações fora das telas, “Plano de Fuga” mostra que o ator permanece com uma presença de cena fabulosa, dominando cada quadro e carregando o filme nas costas sem fazer nenhum esforço. Welcome back, sir.


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