HQs da Semana: 13 de junho


Nossa avaliação

A semana de lançamentos em hqs foi fértil, mas deixou um gostinho estranho na boca, uma ambiguidade de sentimentos, uma vez que nenhum dos destaques positivos conseguiu superar seus pontos fracos.

A primeira dessas diversões ambíguas é o lançamento de outra minissérie baseada na obra prima de Alan Moore e Dave Gibbons. “Before Watchmen: Silk Spectre #1”, roteirizado por Darwin Cooke e Amanda Conner e desenhado por esta última, narra os conflitos entre a adolescente Laurie Jupiter e sua mãe autoritária, a Espectral original. O estilo narrativo, que deve muito ao traço de Conner, diverge muito do jeitão “realista” de Watchmen, o que torna a narrativa mais leve e a salva de ser uma cópia barata. É a insistência em trabalhar com as mesmas “gags” visuais da série original que machuca o título. Ao encher a edição de referências tão óbvias que sequer poderiam ser chamadas de “easter eggs”, Cooke e Conner acabam nos lembrando repetidamente de que “Silk Spectre”, embora divertido, faz parte de uma iniciativa que dessecra aquela que é considerada a maior obra de arte dos quadrinhos.

Outros dois destaques positivos sofrem de ambiguidades diferentes. “Spider-Men #1” é a estreia da mini que mostrará o encontro entre Peter Parker, o Homem-Aranha “oficial” do Universo Marvel, e Miles Morales, o Aranha negro do universo “Ultimate” (conhecido por aqui como universo “Millenium”). Deixando de lado o fato de que o editor-chefe da Marvel uma vez disse que um encontro entre os dois universos só ocorreria quando a editora estivesse sem ideias – do que podemos extrair a conclusão de que a edição prova então que o poço secou lá na “Casa das Ideias” – “Spider-Men” é uma daquelas edições que nos lembram que o roteirista Brian Bendis não é tão ruim quanto seus roteiros dos Vingadores dão a entender (quem discorda, procure ler “Avengers #27”, também lançado esta semana. É abismal). Há uma pequena cena em que Peter, transportado acidentalmente para o universo Ultimate, descobre como a cidade de Nova York venera a sua contraparte daquele universo, e é um momento tocante. O que realmente prejudica o prazer da leitura é o estilo descomprimido de Bendis: sabemos que os dois aranhas vão se encontrar e compramos a revista para ver esse encontro, mas ele só aparece na última página, na forma de um “cliffhanger”. Melhor deixar pra ler quando sair o encadernado, então.

O terceiro destaque “ambíguo” é talvez o mais polêmico: “Batman #10”. Saindo do ótimo crossover “Night of the Owls”, em que Batman e seus aliados confrontaram a sociedade secreta conhecida como Corte das Corujas, o morcego agora enfrenta uma figura misteriosa que vinha manipulando os vilões. É o nascimento de um “novo” antagonista baseado em algumas estórias antigas e esquecidas do herói, uma adição à “família” (bem literalmente) do morcego que vai dar muito o que falar. Muitos estão comparando a revelação, trazida pelo ótimo roteirista Scott Snyder (de “American Vampire”), ao resgate feito por Grant Morrison da mini “Batman – O filho do demônio”, de onde saiu o personagem Damian Wayne. Só que aqui o que prejudica o título não é a preocupação com a santidade da continuidade, mas sim a sensação de que a revelação bombástica vai logo ser desfeita na próxima edição, que conclui a saga. Será que Snyder vai tomar o caminho de Morrison, ou a solução covarde de Joph Loeb na saga “Hush”?


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