Metric – Synthetica


Nossa avaliação

[xrr rating=5/5]

“SYNTHETICA é sobre a capacidade de identificar o original em uma longa série de reproduções. É sobre o que é real versus o que é artificial.” – É assim que Emily Haines, vocalista do Metric, define o último álbum da banda.

Me parece que o dualismo, bastante irônico, “real-artificial” foi o que pontuou toda a tônica do disco. Antes de começar, porém, gostaria de alertá-los: quem compôs as linhas que se seguem, é fã incondicional da banda. Sendo assim, é possível que se faça um texto tendencioso? Sim, claro. Faço aqui o mea culpa: muito melhor do que criticar sem conhecer é falar bem do que se gosta.

Há algo de resistência no quarteto liderado por Haines. Ecoando uma resenha que li há alguns dias, concordo com o questionamento – por que diabos Metric não é uma banda mais popular? Percorrendo os 5 álbuns já lançados podemos traçar um perfil de banda que tinha tudo para estar entre o primeiro escalão do rock atual, mas no entanto não é para todos.

De onde eu vejo, o mundo do rock é dividido em duas realidades: uma em que os fãs vão aos shows, fazem questão de comprar os álbuns e outra, mais superficial, em que os integrantes da banda fazem sucesso apenas com os fotógrafos e revistas de celebridades. É possível imaginar em qual das duas podemos encontrar o Metric.

Haines e companhia selaram a carreira independente em 2009, quando lançaram Fantasies pelo próprio selo da banda. A partir daí não precisaram mais engolir as regras e produzir algo adaptado ao gosto e ditames das grandes gravadoras.

O álbum Synthetica representa os 10 anos da banda, um amadurecimento e liberdade criativa que renderam bons frutos – 11 faixas tão cuidadosamente produzidas que até o “escorregão” do álbum se encaixa bem.

Guardados os devidos méritos do trocadilho, o álbum sintetiza bem o nosso zeitgeist. Quando Emily, na faixa título, canta: “Hey, I’m not synthetica / I’ll keep the life that I’ve got…” não penso senão em uma crítica ao fascismo da industria musical.

A frase que abre o disco “I’m just as fucked up as they say/ I can’t fake the daytime/ I found an entrance to escape into the dark” – introduz a questão central de Synthetica: o testemunho da vocalista e da banda sobre resistir e insistir.

A bateria fortemente marcada, justaposta ao sintetizador, só precisa do arremate doce e cínico da voz e letras de Emily Haines para fazer de Synthetica um grande álbum, digno do primeiro escalão do rock atual, com a vantagem de não cair nas malhas da banalização.

Indicado para corridas ocasionais, longas viagens de carro e para se ouvir à caminho do trabalho.

Faixas essenciais: Lost Kitten, Speed the Collapse, Youth Without Youth.
Escorregão: Breathing Underwater.

Resistência sintética

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