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Um casal brinca, demonstra carinho e parece se dar muito bem. Ele tem um jeitão meio desligado, sem maiores ambições na vida. Ela parece uma mulher bem sucedida, que cobra do rapaz um emprego. Possuem uma euforia que parece o início de um namoro. A surpresa vem quando descobrimos que aqueles dois que moram juntos e se dão tão bem estão separados há mais de seis meses.
“Celeste e Jesse Para Sempre” é uma dramédia sobre o fim de um relacionamento, apresentando seus personagens presos uns aos outros em uma co-dependência que é ao mesmo tempo bonita e doentia. A beleza da intimidade construída com o tempo e que se reflete em olhares e gestos que dizem mais ao outro do que qualquer palavra é contraposta à impossibilidade de ir adiante e buscar novos relacionamentos, presos à sombra de uma relação que não existe mais.
Jesse (Samberg) e Celeste (Jones) foram casados e agora são amigos que continuam a dividir a vida juntos. É como se a separação efetivamente nunca tivesse acontecido. Quando aparece outro interesse amoroso na história eles precisam repensar a sua situação e o filme caminha para o batido “mulher de negócios versus homem imaturo”. Com direito a uma crítica ao pop adolescente que tenta (mas não consegue) criar uma discussão do tipo “em matéria de amor somos todos iguais não importa a idade”, tudo é muito irregular, costurando sem muita sutileza passagens bem humoradas com momentos mais sofridos.
“Celeste e Jesse para Sempre” é sobre a luta da razão contra o sentimento. Não há dúvidas, desde o primeiro momento, que Jesse e Celeste ainda se gostam. A amizade mantida após o término do casamento só reforça este sentimento, em um jogo que varia entre a carência afetiva em busca de um ombro amoroso e a orgulhosa necessidade de se ter alguém por perto gostando de você. A separação é uma escolha, é uma luta do cérebro contra o coração, baseada em expectativas e projeções para o futuro. Se essa escolha é justa ou não, fica para cada um julgar. Ou pelo menos é o que se pretendia.
O problema é que o filme se arrasta demais nesta relação mal resolvida, em uma redundância acerca do amor que um sente pelo outro. A martelação constante chega a irritar, por melhor que estejam os atores e por mais sensibilidade que o roteiro escrito pela própria Rashida Jones com Will McComarck (e que teria sido inspirado em uma relação que os dois tiveram) consiga imprimir.
Seguindo a fórmula indie de filme comercial (por mais estranho que pareça, é isso mesmo), “Celeste e Jesse Para Sempre” tem a ambição de ser mais do que na verdade é. A mão pesada do diretor Lee Krieger se sobrepõe à delicadeza da história de um amor que deixou de bastar em si próprio e passou a depender de fatores externos. E das escolhas que se fazem na vida.