Histeria


Nossa avaliação

[xrr rating=2.5/5]

As questões da sexualidade feminina parecem estar em alta. Se “50 Tons de Cinzas” se transformou em fenômeno literário e “Magic Mike” foi um sucesso surpresa nos Estados Unidos, só faltava mesmo um filme sobre a história do vibrador. Pois não falta mais.

“Histeria” acompanha o jovem médico Granville (Dancy) e sua sociedade com o Dr. Dalrymple (Pryce) nos anos 1890 para curar a chamada “histeria” feminina através da técnica do toque massageador feito pelo dedo no órgão sexual feminino. Ou seja, masturbação. Não que isso fosse assim chamado na época. A técnica revolucionária acalmava as mulheres nervosas, mas os médicos não conseguiam ainda ligá-la ao orgasmo e ao prazer sexual de suas pacientes.

O filme propõe mostrar tudo com muito bom humor, e não há dúvidas de que há um ou outro momento inspirado, com diálogos divertidos e situações constrangedoras. Mas a diretora Tanya Wexler parece não se decidir entre a sátira e o tom solene, perdendo-se junto com o roteiro que se atrapalha ao tentar combinar a origem do vibrador com uma história de amor e pitadas de revolução feminista. Apesar do bom elenco – com destaque para um quase irreconhecível Rupert Everett como o amigo rico de Granville que é fascinado pela tecnologia elétrica – e da premissa ser realmente interessante, “Histeria” escorrega no machismo na maioria das cenas.

As mulheres acabam reduzidas no filme a seres que ficam descontrolados se não possuem a satisfação sexual. O vibrador surge então quase que como um instrumento que permitiu a elas crescerem na sociedade, chegando ao mercado de trabalho e ao direito ao voto: é como se “domesticadas” pelo orgasmo, agora estão calmas e propícias para a vida política, cultural e econômica. Além disso, “Histeria” evita as polêmicas do procedimento e do aparelho – não há referências à Igreja ou movimentos conservadores que se colocaram contra a “novidade” – e tudo é saudado de uma forma inacreditavelmente liberal para o final do século XIX.

O roteiro opta, então, por apresentar conflitos rasos, especialmente entre Dr. Dalrymple e sua filha, além de um triângulo amoroso muito sem graça (em que até tentam enfear Felicity Jones através de um bizarro penteado para que Maggie Gyllenhaal pareça mais atraente). Tudo para terminar no clichê do discurso edificante. A história do “mais popular brinquedo sexual do mundo” (conforme o próprio filme indica) merecia um tratamento mais ousado. Pois pelo conservadorismo do que se vê na tela, a tal “revolução” feminina tão propalada pelo filme parece que nunca aconteceu.


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