HQs da Semana: 20 e 27 de março


Agora que acabou a ressaca de chocolates da páscoa, é hora de colocar em dia o nosso comentário sobre os lançamentos semanais em quadrinhos.

Há pouco a se falar sobre a penúltima semana de março. Foram vários lançamentos de destaque, mas todos eles os suspeitos de sempre. Em “Fables #127”, uma reviravolta conjugal digna da novela das seis se converte em uma tensa e perturbadora situação de reféns mágica, prometendo uma briga feroz e complicada na próxima edição. “Saga #11” também tem trechos que parecem saídos de novela, mas nenhum folhetim da Globo traz a mesma combinação de conteúdo adulto e afeto genuíno que a produção autoral de Brian K. Vaughan e Fion Staples. E “Chew #32” é uma daquelas edições que mostram porque o agente cibopático Toni Chu é o protagonista do título, ainda que a maior parte do foco seja dedicado aos personagens secundários, que fazem avançar a trama em direções interessantes.

Já na última semana da março os destaques foram menos positivos. O lançamento “Guardians of the Galaxy #1” foi o que mais chamou a atenção, por três fatores: ser a próxima HQ Marvel a ser adaptada para o cinema, ser escrita por Brian Bendis, o principal roteirista da editora, e por contar com a inusitada participação do Homem de Ferro. Mas apesar de ser uma história sólida e com uma premissa interessante, os personagens não demonstram um décimo do charme e da personalidade que tinham sob a caneta de Dan Abnett e Andy Lanning. Além disso, o novo design dos membros da equipe fica muito aquém do antigo, e até Tony Stark ganha uma nova armadura que, além de feia, é praticamente irreconhecível.

O outro destaque negativo da semana foi “Uncanny Avengers #5”, que mostra que o “esquadrão da união” dos Vingadores, criado para melhorar o relacionamento entre humanos e mutantes, é só mais uma daquelas iniciativas governamentais que demonstram um total despreparo para lidar com o problema da discriminação. O Capitão América, que só tomou decisões ruins na saga “Avengers Versus X-Men”, demonstra que vai continuar persistindo no erro ao promover seu próprio tipo de racismo: ele convida para cuidar das relações públicas um ex-Vingador que recentemente praticou o que seria considerado, segundo seus próprios critérios, “terrorismo”, ao mesmo tempo em que questiona a presença da mutante Vampira por seu distante passado vilanesco, já redimido por anos de heroísmo com os X-Men. E o líder Destrutor questiona o Capitão, mas acaba fazendo pior: em um discurso “fofo”, recusa o uso da palavra “mutante” com uma argumentação que só pode ser vista como ofensiva pelas minorias do mundo, ao varrer pra baixo do tapete a perseguição e a violência sofrida em prol de uma aparência de igualdade. Se o roteirista Rick Remender queria demonstrar a inépcia dos Vingadores em lidar com o problema dos X-Men, então fez bem, já que a edição só reforça o que já sabíamos: que o Ciclope é quem está certo.


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