The Theory of Everything (2014) | |
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Direção: James Marsh Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior, Sophie Perry |
Até que demorou para sair uma cinebiografia sobre Stephen Hawking. A história do físico possui todos os ingredientes de um drama para ganhar prêmios: gênio com doença terrível que precisa superar os limites do corpo para viver e continuar seu trabalho. A saga de Hawking é espetacular, mas “A Teoria de Tudo” erra ao focar mais nas mazelas do personagem do que em sua trajetória.
O diretor James Marsh (dos ótimos documentários “O Equilibrista” e “Projeto Nim”) e o roteirista Anthony McCarten adaptam o livro de Jane Hawking (vivida no filme por Felicity Jones) sem correrem muitos riscos: um primeiro ato rápido antes da piora da doença para então se concentrar na deterioração pela esclerose lateral amiotrófica, que possui obviamente maior apelo dramático para sua narrativa.
O problema é que confiam demais em nosso pré-conhecimento de Hawking para que nos importemos com ele, já que o personagem é apresentado de forma muita apressada no início. É quase como se sua vida pré-doença fosse um prólogo sem importância, e ele devesse ser definido por sua condição física. Mas deveria ser o contrário: com mais calma e dando mais tempo ao jovem personagem teríamos um impacto emocional maior ao acompanhar sua crescente deterioração. Não que “A Teoria de Tudo” não seja emocionante, o problema é que a história é por si só impressionante, e o diretor não faz nada além do bê-á-bá das biografias tradicionais.
Focando mais nas dificuldades de Hawking, sobra espaço para que o talento de Eddie Redmayne apareça: o que ele faz é impressionante, indo dos trejeitos mais expansivos iniciais para restringir cada vez mais os movimentos até ser capaz de passar todo o sentimento que precisa com um só olhar. Jones também está excelente como a esposa perfeita que em alguns momentos com poucos gestos nos revela que pode ter se arrependido de suas escolhas.
Optando pela versão mais chapa branca da história, “A Teoria de Tudo” apresenta Stephen Hawking como alguém sempre paciente, em nenhum momento reclamando de sua condição. Suas conquistas científicas ficam em segundo plano e nunca se relacionam de forma direta ou mesmo metafórica com a trajetória do personagem (culminando em uma forçada tentativa final com um flashback dispensável). É um filme certinho, acomodado, sem riscos. Nada do que Stephen Hawking parece ser.