Assassin’s Creed


Nossa avaliação
Assassin’s Creed (2016)
Assassin's Creed poster Direção: Justin Kurzel
Elenco: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons, Brendan Gleeson


Baseado no popular game que acompanha as aventuras de membros de uma secular irmandade de assassinos, “Assassin’s Creed” traz para o cinema a tediosa experiência de ficar assistindo outra pessoa jogar videogame. A impressão que dá é que todo mundo na tela está se divertindo – do ator (e aqui produtor) Michael Fassbender com suas lutas coreografadas até o diretor Justin Kurzel com seus movimentos de câmera rebuscados e cenários grandiosos pra brincar – enquanto quem está sentado na poltrona assiste torcendo para acabar logo.

Não que seja tudo um desastre. O filme é visualmente deslumbrante e o elenco é excelente, além da premissa instigante.  Mas há um problema básico em equilibrar as duas linhas temporais que andam paralelas por toda a história. Por um lado acompanhamos no presente um prisioneiro (Fassbender) que tem uma espécie de memória genética despertada graças a equipamentos de extrema tecnologia. Por outro acompanhamos esta mesma memória na figura de um antepassado dele (Aguilar, vivido pelo mesmo Fassbender, membro do credo de assassinos do título em luta contra a Inquisição pela proteção de um objeto misterioso) na Espanha de 1492. E aí começam os problemas de uma produção que parece querer ser “Avatar”, mas falta equilibrar os ingredientes certos pra isso.

Primeiro que a pessoa do presente não é capaz de interferir ou modificar o passado, então não há nenhum tipo de identificação ou torcida por Aguilar, já que só podemos ver o que já aconteceu. Imagine “Matrix” com o Neo podendo apenas assistir ao que ocorre no mundo virtual, sem chance de agir por conta própria. Ao mesmo tempo, a montagem que busca o sempre cortar do passado para o presente, reforçando o espelhamento dos movimentos do assassino, quebra constantemente o clima da história vista, já que qualquer ação é interrompida em uma época para mostrar outra.

As cenas de ação, inclusive, são por vezes confusas, com a câmera próxima demais, em contraste com os belos planos gerais que sempre abrem cada nova memória. A Espanha de 1492 é um cenário qualquer que nunca é realmente explorado, não há um real estranhamento do personagem do presente em estar em um lugar tão diferente, co m características tão peculiares. Há um ou outro momento divertido, visual bacana (que é mérito do jogo), mas tudo engolido por uma trama confusa habitada por pessoas confusas para as quais não ligamos. Partindo de ideias no mínimo duvidosas – como a criminalidade ser algo hereditário – “Assassin’s Creed” pode até agradar aos fãs do jogo já familiarizados com sua complexa mitologia, mas ainda não é dessa vez que uma adaptação de game funciona como cinema puro e simples.


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