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A pequena loja de horrores

por Igor Costoli

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Muita gente ralhou quando a tv aberta resolveu ajudar as pessoas a entender o que estava sendo exibido. Mas traduzir Smallville (2001) como Pequenópolis é apenas grosseria perto da bobagem que é descrever a série criada por Alfred Gough e Miles Millar como “As aventuras do Superboyâ€. Bobagem fundamentada por problemas que se encontram na gênese da original, que faz uma grande salada de referências da mitologia original do Homem de Aço.

Para começar, é preciso entender duas fases dessa mitologia, a pré-crise e a pós-crise. Na pré-crise, o personagem que antes saltava longas distâncias passa a voar; que antes corria como um trem, agora quebra a barreira da luz; que antes enfrentava bandidos, agora consegue tirar a terra da órbita e... bem, essa grandiloqüência gerou a crise, quando as histórias ficaram incomodamente absurdas. Foi preciso reinventar a origem de Superman pra não agredir mais o cérebro do leitor, e eis que a DC Comics surge com a “Crise nas Infinitas Terrasâ€, uma série que reformulou tudo e trouxe juízo e roteiros mais sensatos. Nascia o Superman pós-crise, poderes limitados, em desenvolvimento, e razões plausíveis para o ódio de seus inimigos.

Na série, Tom Welling é Clark Kent, vivendo sua adolescência na redundantemente pequena Smallville. Acompanhar o surgimento dos seus poderes é uma idéia pós-crise, e a boa sacada do seriado é mostrar o lado humano do personagem exatamente na época da vida em que os humanos são mais vulneráveis. A amizade de Clark e Lex Luthor é uma idéia pré-crise razoavelmente bem justificada, e vale bons momentos principalmente pela boa atuação de Michael Rosenbaum.

A história de Kent e Lana divide opiniões no momento Malhação da série, mas foi conduzida de maneira atraente a maior parte do tempo. A chuva de meteoros também é uma boa saída do roteiro, pois explica a presença de kryptonita na Terra. Responsabilizar a chuva de meteoros por aberrações que retornam à trama na forma de desafios para Clark também, mas depois de algumas temporadas esse recurso não mais funciona com a qualidade de antes.


Faltou essa foto na cabeceira da cama
do Brandon Routh...

Kryptonitas de outras cores é uma idéia pré-crise que deveria ter ficado no passado e que ressurgiu com a falta de boas idéias. Chloe Sullivan (Allison Mack) não veio dos quadrinhos, mas foi boa aquisição à história. Mas trazer Lois Lane para Smallville não possui precedente em nenhuma fase do herói, e já faz parte do que poderíamos chamar de Small-crise, quando a Warner resolveu estender indefinidamente o seriado que já mostra sinais de esgotamento.

Além de Lois, essa fase traz inexplicavelmente o falecido pai biológico de Clark, Jor-El, fora outros personagens da DC, como o Aquaman e o Flash, lembrando a fase pré-crise, quando tudo era possível. Melhor sair antes que apareça o Batman.

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