Frères et souers
28.10.09
por Daniel Oliveira
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Algo que você precisa saber
(Quelque chose à te dire, França, 2009)
Dir.: Cécile Telerman
Elenco: Charlotte Rampling, Mathilde Seigner, Olivier Marchal, Pascal Elbé, Sophie Cattani, Patrick Chesnais, Gwendoline Hamon
Princípio Ativo: novela
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Cada paÃs tem o Manoel Carlos que merece. O nosso afirma todas as noites que Viver a vida – com dinheiro, no Leblon – é ótimo. Os EUA têm Brothers & sisters: uma famÃlia com vários problemas, que eles sempre conseguem resolver porque são ricos, bonitos, sensÃveis, charmosos, expressam seus sentimentos e discutem a relação.
“Algo que você precisa saber†é prova de que a França também tem o seu. No caso, a sua. O filme da belga Cécile Telerman é um novelão manoelcarliano clássico, centrado em uma famÃlia abastada, com revelações de paternidade, lições de moral, frases de efeito e soluções absurdamente simplistas. Afinal, ser rico e expressar seus sentimentos tornam tudo mais fácil.
SaÃmos do Leblon, de Pasadena e vamos para a Rive Droite parisiense, lar do clã Celliers. Henry é o empresário milionário e bem sucedido casado com Mady. Ela é a matriarca fútil e castradora de Antoine, que acabou de levar seu negócio à falência; Annabelle, médica e taróloga; e Alice, pintora rebelde (a sensibilidade artÃstica é marca do gênero) que inicia um caso com o policial Jacques de Parentis. Revelações sobre a ligação dele com o passado de sua famÃlia são o estopim do quiproquó.
“Algo que você precisa saber†é menos um filme do que um ensaio para provar a tese – dita logo de inÃcio – de que filhos estão sempre repetindo os erros de seus pais. Para isso, Telerman força paralelismos numa falta de sutileza tÃpica das novelas, chegando a causar um acidente de moto totalmente descabido, mal explicado (e mal editado). A sequência deveria gerar tensão, mas só faz rir.
As atuações não são ruins, mas os personagens e diálogos não ajudam. Mady e Antoine são os melhores exemplos: Charlotte Rampling e Pascal Elbé dão o seu melhor e, mesmo assim, acabam saindo mal na fita, repetindo cacoetes de dois estereótipos rasos e de uma nota só. E quando as máscaras caem, a transformação soa forçada.
As boas cenas de Mady com Alice são prejudicadas pelo texto banal e a decupagem novelesca – tanto na câmera sem emoção, quanto no arroz com feijão do plano e contra plano. Annabelle, que poderia ser o “grupo de controle†do filme, com uma existência mais normal, tira da cartola um caso ridÃculo com o colega casado, numa trama que surge do nada e vai para lugar nenhum.
E, no melhor estilo final de novela, casar, engravidar e ter filhos soluciona todas as coincidências absurdas, os traumas arraigados e as feridas abertas (nota para a diretora: na vida, isso cria mais problemas). Mas eles são ricos e têm berço. No gênero manoelcarliano, isso é o que basta para tudo ser glamouroso, emocionante – e extremamente simples.
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Ele é feio. Mas é menos nojento que o Zé Mayer pegando a TaÃs Araújo, né?
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